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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Desligar

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Quero aproveitar o ótimo paralelo, feito por meu parceiro de blog, em sua última postagem, entre a vida cristã e a informática. Foi formidável e muito edificante o seu ensino sobre os momentos em que precisamos “reiniciar” nossa vida espiritual. Agora quero tratar sobre o “desligar”.

Desligamos nosso computador quando tudo o que tínhamos a fazer foi realizado. Constatamos se não resta mais nada a ser feito e decidimos que estamos prontos para desligar. Após clicar na opção “desligar”, o sistema nos avisa “Seu computador pode ser desligado com segurança”.

O apóstolo Paulo demonstrou que ele “estava pronto a ser desligado”. Em Atos 20:17-24 encontramos um testemunho emocionante do seu trabalho e sua decisão de “desligar”.

No final de sua terceira viagem missionária, Paulo decidiu chamar os presbíteros de Éfeso para dar suas últimas recomendações. Seu relato tem um profundo tem de despedida. Ele mesmo afirma “não vereis mais o meu rosto”. Era como se Paulo estivesse averiguando se não havia mais nada a fazer, finalizando seu trabalho e pronto para desligar.

Ele concluiu que havia finalizado sua obra (18-21). Três grandes viagens, muito trabalho fora realizado, muitos anos se passaram, estava na hora de desligar. Paulo sabia que era chagada a hora. Ele estava indo a Jerusalém e não sabia o que aconteceria, sabia apenas que iria sofrer muito (23).

Havia algo, porém, reconhecido por Paulo, muito mais importante e interessante. O apóstolo sabia estava pronto para ser desligado. Ele disse “não considero a vida muito preciosa para mim, mas o completar a minha carreira e meu ministério”. Após completar o ministério proposto a ele por Jesus, o apóstolo dos gentios estava pronto para ser desligado com segurança. Não havia mais nada a ser feito, estava na hora de partir para os braços tranqüilos do Pai.

Assim como Paulo, também temos um trabalho a ser feito neste mundo. Fomos chamados para obedecer a Deus aguardando a volta gloriosa de Jesus (Tt 2:11-14). A pergunta que nos resta a fazer é: Já podemos ser desligados com segurança? Se morrêssemos hoje, como chegaríamos à presença do nosso Deus? Já terminamos nosso trabalho, ou ainda estamos no “modo de espera”?

Mais uma vez, que possamos dizer em uníssono com Paulo:

“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé

2 Timóteo 4:7

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Reiniciar


Não sei se há um conselho mais frequente quando há um problema no computador do que a opção “reiniciar”. Seja lá qual for a dificuldade, perguntam: você já tentou reiniciar? Não entendo tanto assim de informática, mas o que me parece é que, quando há um problema e o computador para, se ele continuar assim não vai resolver. É como se, ao reiniciá-lo, déssemos uma nova chance a ele para que renove seus processos e assim possa funcionar normalmente.

Mais que um devaneio tecnológico, podemos ver essa tentativa de recomeçar presente na vida cristã. De fato, não temos nada a acertar com o processador do nosso computador. Porém, na caminhada com Deus, há momentos de desconexão também. Às vezes, simplesmente travamos. Não caminhamos nem pra frente nem pra trás. O pecado, como um vírus, vai infectando cada área da nossa vida, uma por uma, até nos ter por completo.

O que devemos fazer, nesses casos, é identificar essa falha do sistema, diga-se o pecado. Depois de identificá-lo, mandá-lo para bem longe, livrar-nos dele e prover meios para que ele não volte mais. Fazer como Jó, que pelas palavras do próprio Deus era um homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal (Jo 1.9).

Podemos reiniciar nossa vida. O que Cristo fez na cruz permite-nos olhar para nossas falhas, apresentá-las diante dEle e clamar pelo Seu perdão. Podemos reiniciar com uma vontade sincera de não errar novamente. Vontade de desviar-se situações que nos deixem vulneráveis a ataques externos, evitar a entrada de dados que corrompam a nossa mente e manter a nossa memória sempre limpa, deletando toda sorte de impureza. Além de manter sempre atualizadas nossa leitura bíblica e nossa comunhão com o Mestre.

Ao reiniciar, que as falhas passadas não nos atormentem no presente. Que façamos coro às palavras de Paulo:

“esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3.13b,14)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

No olho dos outros é mais fácil


Em meio a tantos ventos de doutrina que sopram por aí levando milhares a encherem igrejas, templos e tabernáculos, ainda há os remanescentes que pregam a sã doutrina. De fato, são poucos. Afinal, as multidões não gostam quando a Palavra confronta seus pecados. A grande massa evangélica gosta mesmo é de motivação, de auto-ajuda. Todos querem prosperar.

Porém, como disse, ainda há os que pregam o Evangelho de Cristo. Ainda há homens e mulheres sérios, tementes a Deus, que estão preocupados em anunciar as boas novas do Evangelho. Quando vemos igrejas assim, respiramos. Vemos uma luz de verdade no fim de um túnel de falsos ensinamentos. Pensamos: graças a Deus, não estamos sozinhos.

Mas há algo a se analisar nisso tudo. Muitos pensam que só a pregação da sã doutrina é suficiente para fazer uma igreja ser santa. Quero ser muito cauteloso aqui, pois não quero ser mal interpretado. Sou um defensor ferrenho da Palavra de Deus e quero que ela seja sempre pregada retamente.

Há uma expressão chamada “ortodoxia morta”. Ela se refere ao ensino correto, mas sem efeito. A pregação está lá, e deve ser daquele jeito mesmo: bíblica, ortodoxa. Lutamos contra os liberais, lutamos contra ensinos puramente motivadores, lutamos contra denominações e igrejas que não pregam o Evangelho. Temos uma aversão a qualquer coisa que não esteja dentro dos padrões que consideramos corretos, seja na adoração ou na pregação.

A pergunta é: Será que temos essa mesma aversão àquilo que desagrada a Deus? O nojo que sentimos de alguns falsos mestres é o mesmo nojo que sentimos quanto àquilo que para o Senhor, segundo as Escrituras, é abominável. Eu sei que Deus odeia falsos profetas, mas Deus odeia também qualquer sombra de pecado, não só se referindo aos desvios da doutrina.

É muito fácil encontrar erros naquilo que está fora de nós, das nossas igrejas. Mas, o que tento dizer aqui é: está na hora de olhar para os nossos erros também. Apesar de ser mais fácil encontrar os erros nos de fora, mudá-los é muito difícil. Lembrando que isso não tira de nós a responsabilidade de apontar o que há de errado do lado de fora e lutar para que isso não chegue até nós. No entanto, quero frisar aqui a importância de passar por cima daquele orgulho que nutrimos quando nos achamos quase perfeitos, olharmos para os nossos erros e tentar mudá-los para a glória de Cristo.

Em Cristo,

Felipe Prestes

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Foto por: Eurico Dantas em
http://extra.globo.com/blogs/fotografia/default.asp?a=183&periodo=200703

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sobre a soberania de Deus e as tragédias

Depois de um comentário feito no post anterior, espero que o texto a seguir possa esclarecer não só ao caro Anônimo, mas a todos os leitores deste blog, o que a Bíblia fala a respeito de catástrofes e outras fatalidades. Os comentários da postagem no blog do Dr. Augustus Nicodemus também podem enriquecer a discussão sobre o assunto.

Carta a Bonfim: Deus e as tragédias
Postado por Augustus Nicodemus Lopes às 17:03

Meu caro Bonfim,(*)

Foi realmente uma surpresa agradável encontrá-lo este fim de semana em Campos do Jordão, durante o feriado. Embora nossa conversa tenha sido breve, foi suficiente para relembrarmos os bons tempos que passamos quando éramos jovens na Igreja do Recife. Foi uma pena que não deu para aprofundarmos nossa discussão sobre Deus e as tragédias que ocorrem no mundo. Mas, como prometi, estou enviando este email para dar seqüência ao que pude apenas começar a dizer.

Fiquei preocupado com o jeito que você está querendo entender a tragédia que foi a queda do vôo 447 da Air France na semana passada. Você me deu a entender que está revoltado com o fato de que centenas de pessoas boas, desprevenidas, cidadãos de bem, foram apanhados numa tragédia e morreram de forma terrível, deixando para trás famílias, filhos, entes queridos. Você perguntou aflito, “Onde estava Deus quando tudo isto aconteceu?”

Eu entendo a sua preocupação com o dilema moral que tragédias representam quando vistas a partir do conceito cristão histórico e tradicional de Deus. Se Deus é pessoal, soberano, todo-poderoso, onisciente, amoroso e bom, como então podemos explicar a ocorrência das tragédias, calamidades, doenças, sofrimentos, que atingem bons e maus ao mesmo tempo?

Creio que qualquer tentativa que um cristão que crê que a Bíblia é a Palavra de Deus faça para entender as tragédias, desastres, catástrofes e outros males que sobrevêm à humanidade, não pode deixar de levar em consideração dois componentes da revelação bíblica, que são a realidade da queda moral e espiritual do homem e o caráter santo e justo de Deus.

Lemos em Gênesis 1—3 que Deus criou o homem, macho e fêmea, à sua imagem e semelhança, e que os colocou no jardim do Éden, com o mandamento para que não comessem do fruto proibido. O texto relata como eles desobedeceram a Deus, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, e decaíram assim do estado de inocência, retidão e pureza em que haviam sido criados. As conseqüências, além da queda daquela retidão com que haviam sido criados, foram a separação de Deus, a perda da comunhão com ele, e a corrupção por inteiro de suas faculdades, como vontade, entendimento, emoções, consciência, arbítrio. Pior de tudo, ficaram sujeitos à morte, tanto espiritual, que consiste na separação de Deus, como a física e a eterna, esta última sendo a separação de Deus por toda a eternidade.

Este fato, que chamamos de “queda,” afetou não somente a Adão e Eva, mas trouxe estas conseqüências terríveis a toda a sua descendência, isto é, à humanidade que deles procede, pois eles eram o tronco e a cabeça da raça humana. Em outras palavras, a culpa deles foi imputada por Deus aos seus filhos, e a corrupção de sua natureza foi transmitida por geração ordinária a todos os seus descendentes. Desde cedo na história da Igreja cristã esta doutrina, que tem sido chamada de “pecado original”, foi questionada por gente como Pelágio, que afirmava que o pecado de Adão e Eva afetou somente a eles mesmos, e que seus filhos nasciam isentos, neutros, sem pecado, e sem culpa e sem corrupção inata. Tal idéia foi habilmente rechaçada por homens como Agostinho, Lutero, Calvino e muitos outros, que demonstraram claramente que o ensino bíblico é o que chamamos de depravação total e transmitida, culpa imputada e corrupção herdada. As conseqüências práticas para nós hoje são terríveis. Por causa desta corrupção inata, com a qual já nascemos, somos totalmente indispostos para com as coisas de Deus; somos, por natureza, inimigos de Deus e, portanto, filhos da ira. É desta natureza corrompida que procedem os nossos pecados, as nossas transgressões, as desobediências, as revoltas contra Deus e sua Palavra.

Agora chegamos no ponto crucial e mais relevante para nosso assunto. Entendo que a Bíblia deixa claro que os nossos pecados, tanto o original quanto os pecados atuais que cometemos, por serem transgressões da lei de Deus, nos tornam culpados e portanto sujeitos à ira justa de Deus, à sua justiça retributiva, pela qual ele trata o pecador de acordo com o que ele merece. Ou seja, a humanidade inteira, sem exceção – visto que não há um único justo, um único que seja inocente e sem pecado – está sujeita ao justo castigo de Deus, o que inclui – atenção! – a morte, as misérias espirituais, temporais (onde se enquadram as tragédias, as calamidades, os desastres, as doenças, o sofrimento) e as misérias espirituais (que a Bíblia chama de morte eterna, inferno, lago de fogo, etc.).

A Bíblia revela com muita clareza, e sem a menor preocupação de deixar Deus sujeito à crítica de ser cruel, déspota e injusto, que ele mesmo é quem determinou tragédias e calamidades sobre a raça humana, como parte das misérias temporais causadas pelo pecado original e as transgressões atuais. Isto, é claro, se você acredita realmente que a Bíblia é a Palavra de Deus, e não uma coleção de idéias, lendas, sagas, mitos e estórias politicamente motivadas e destinadas a justificar seus autores. De acordo com a Bíblia, foi Deus quem condenou a raça humana à morte no jardim (Gn 2.17; 3.19; Hb 9.27). Foi ele quem determinou a catástrofe do dilúvio, que aniquilou a raça humana com exceção da família de Noé (Gn 6.17; Mt 24.39; 2Pe 2.5). Foi ele quem destruiu Sodoma, Gomorra e mais várias cidades da região, com fogo caído do céu (Gn 19.24-25). Foi ele quem levantou e enviou os caldeus contra a nação de Israel e demais nações ao redor do Mediterrâneo, os quais mataram mulheres, velhos, crianças e fizeram prisioneiros de guerra (Dt 28.49-52; Hab 1.6-11). Foi ele quem levantou e enviou contra Israel povos vizinhos para saquear, matar e fazer prisioneiros (2Re 24.2; 2Cr 36.17; Jr 1.15-16). Foi ele quem ameaçou Israel com doenças, pestes, fomes, carestia, seca, pragas caso se desviassem dos seus caminhos (Dt 28). Foi ele quem enviou as dez pragas contra o Egito, ferindo, matando e trazendo sofrimento a milhares de egípcios, inclusive matando os seus primogênitos (Ex 9.13-14). Foi o próprio Jesus quem revelou a João o envio de catástrofes futuras sobre a raça humana, como castigos de Deus, próximo da vinda do Senhor, conforme o livro de Apocalipse, tais como guerras, fomes, pestes, pragas, doenças (Apocalipse 6—9), entre outros. Foi o próprio Jesus quem profetizou a chegada de guerras, fomes, terremotos, epidemias (Lc 21.9-11) e a destruição de Jerusalém, que ele chamou de “dias de vingança” de Deus contra o povo que matou o seu Filho, nos quais até mesmo as grávidas haveriam de sofrer (Lc 21.20-26). E por fim, Deus já decretou a catástrofe final, a destruição do mundo presente por meio do fogo, no dia do juízo final (2Pe 3.7; 10-12).

Isto não significa, na Bíblia, que o sofrimento das pessoas é sempre causado por uma culpa individual e específica. Há casos, sim, em que as pessoas foram castigadas com sofrimentos temporais em virtude de pecados específicos que cometeram, como por exemplo o rei Uzias que foi ferido de lepra por causa de seu pecado (2Cr 26.19; cf. também o caso de Miriã, Nm 12.10). O rei Davi perdeu um filho por causa de seu adultério (2Sm 12.14). Mas, em muitos outros casos, as tragédias, catástrofes, doenças e sofrimentos não se devem a um pecado específico, mas fazem parte das misérias temporais que sobrevêm à toda a raça humana por conta do estado de pecado e culpa em geral em que todos nós nos encontramos. Deus traz estas misérias e castigos para despertar a raça humana, para provocar o arrependimento, para refrear o pecado do homem, para incutir-lhe temor de Deus, para desapegar o homem das coisas desta vida e levá-lo a refletir sobre as coisas vindouras. Veja, por exemplo, a reflexão atribuída a Moisés no Salmo 90, provavelmente escrito durante os 40 anos de peregrinação no deserto. Veja frases como estas:

Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens... Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca. Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor, conturbados. Diante de ti puseste as nossas iniqüidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos. Pois todos os nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os nossos anos como um breve pensamento...

Não devemos pensar que aquelas pessoas que ficam doentes, passam por tragédias, morrem em catástrofes – como os passageiros do AF 447 – eram mais pecadoras do que as demais ou que cometeram determinados pecados que lhes acarretou tal castigo. Foi o próprio Jesus quem ensinou isto quando lhe falaram do massacre dos galileus cometido por Pilatos e a tragédia da queda da torre de Siloé que matou dezoito (Lc 13.1-5). Ele ensinou a mesma coisa no caso do cego relatado em João 9.3-4. Os seus discípulos levantaram o problema do sofrimento do cego a partir de um conceito individualista de culpa, ponto que foi rejeitado por Jesus. A cegueira dele não se deveu a um pecado específico, quer dele, quer de seus pais. As pessoas nascem cegas, deformadas, morrem em tragédias e acidentes, perdem tudo que têm em catástrofes, não necessariamente porque são mais pecadoras do que as demais, mas porque somos todos pecadores, culpados, e sujeitos às misérias, castigos e males aqui neste mundo.

No caso do cego, Jesus disse que ele nascera assim “para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.3). Sofrimento, calamidades, etc., não são somente um prelúdio do julgamento eterno de Deus; há também um tipo de sofrimento no qual Deus é glorificado por meio de Cristo em sua graça, e assim se torna, portanto, um exemplo e um prelúdio da salvação eterna. As tragédias servem para levar as pessoas a refletir sobre a temporalidade e fragilidade da vida, e para levá-las a refletir nas coisas espirituais e eternas. Muitos têm encontrado a Deus no caminho do sofrimento.

O que eu quero dizer, Bonfim, é que, diante de acidentes como a queda do AF 447, devemos nos lembrar que eles ocorrem como parte das misérias e castigos temporais resultantes das nossas culpas, de nossos pecados, como raça pecadora que somos. Poderia ser eu que estava naquele avião. Ou, alguém muito melhor e mais reto diante de Deus. Ainda assim, Deus não teria cometido qualquer injustiça, ainda que aquele avião estivesse cheio dos melhores homens e mulheres que já pisaram a face da terra. Pois mesmo estes são pecadores. Não existem inocentes diante de Deus, Bonfim. Pense nisto, antes de ficar indignado contra Deus diante do sofrimento humano.

Por último, preciso deixar claro duas coisas para você. Primeira, que nada do que eu disse acima me impede de chorar com os que choram, e sofrer com os que sofrem. Somos membros da mesma raça, e quando um sofre, sofremos com ele. Segunda, é preciso reconhecer que a revelação bíblica é suficiente, mas não exaustiva. Não temos todas as respostas para todas as perguntas que se levantam quando um acidente destes acontece. Não sabemos, por exemplo, porque foi o vôo AF 447 e não outro que caiu no oceano matando todos os seus ocupantes. Não conhecemos a vida de seus passageiros e nem os propósitos maiores e finais de Deus com aquela tragédia. Só a eternidade o revelará. Temos que conviver com a falta destas respostas neste lado da eternidade. Mas, é preferível isto a aceitar respostas que venham a negar o ensino claro da Bíblia sobre Deus, como por exemplo, especular que ele não é soberano e nem onisciente e onipotente. Posso não saber os motivos específicos, mas consola-me saber que Deus é justo, bom e verdadeiro, e que todas as suas obras são perfeitas e retas, e que nele não há engano.

No mais, termino com meu apelo para que você esteja sempre pronto a ser chamado à presença de Deus a qualquer instante. Somente em Cristo encontramos perdão para nossos pecados e reconciliação com Deus.

Um grande abraço,
Augustus

(*) Bonfim é um amigo fictício, embora os fatos não o sejam.

Fonte: Tempora-mores

Soma de probabilidades ou poder de Deus?


Há uma corrente de pensamento chamada naturalismo. Segundo os seguidores de tal filosofia, tudo o que acontece tem uma explicação natural, isto é, as regras da natureza, muitas delas já explicadas pela ciência, não podem, em hipótese alguma, deixar de serem seguidas.

Não é preciso muito para entender que os naturalistas não creem em milagres, que são exatamente fenômenos que não seguem as leis naturais. Mas, então, o que um naturalista diria desse acontecimento?

Certamente, ele diria que uma soma de probabilidades do “acaso” não deixou que o bebê morresse. Algum ferro não encostou na criança, o carrinho ficou em um lugar estratégico nos trilhos, o trem estava perdendo velocidade etc. Tudo isso não deixou a criança morrer.

Mas, e se a mãe da criança fosse naturalista. Não acho que, no momento em que viu seu bebê debaixo dos trilhos do trem, tenha clamado: “Oh, minhas leis de Newton”, “Oh, minha santa probabilidade”, ou alguma coisa do gênero. Creio que, em momentos como esses, até o mais convicto dos ateus teria clamado: “Deus, me ajude”.

Deus está também nas leis naturais. Nós não atentamos tanto para isso exatamente por elas serem naturais, comuns aos nossos olhos. A maçã de Newton só caiu porque Deus sustenta a lei da gravidade e todas as outras leis que a ciência já descobriu.

Mas parece que Ele gosta também de mostrar o Seu poder através de fatos extraordinários, desafiando as leis que muitos pensam ser soberanas. Se alguém lhe dissesse: Um carrinho com um bebê dentro caiu nos trilhos em que, logo em seguida, o trem veio, passando sobre o carrinho e arrastando-o por trinta metros. A resposta certamente seria um lamento pela morte da criança.

O que Deus nos mostra é que Ele está no controle. Ele tem poder sobre a vida e a morte. Se Ele é esse Senhor Soberano sobre tudo, por que se preocupar com as coisas dessa vida?

"Ah! SENHOR Deus, eis que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder e com o teu braço estendido; coisa alguma te é demasiadamente maravilhosa." (Jr 32.17)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O crescimento que vem do púlpito

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Geralmente quando dois pastores se encontram pela primeira vez e conversam sobre seus ministérios, uma das primeiras perguntas feitas é “Quantos membros têm na sua igreja?”.

Muitos medem o sucesso de um ministério pela quantidade de fiéis na igreja. Livros e mais livros são lançados para ensinar aos líderes os mais novos métodos de crescimento de igreja e, assim, a garantia de sucesso ministerial.

Mas o que fazer para a igreja crescer? Muito pode ser feito. Há quem defende um método de grupos de 12 pessoas, que geram mais doze e assim há o crescimento. Outros abraçam o método dos pequenos grupos. Também há alguns afirmando que a igreja deve ser sensível ao interesse do público. Tudo isso funciona. Todas as igrejas que utilizam tais métodos são enormes e obtêm sucesso.

A igreja primitiva, entretanto, também teve o seu método de crescimento de igreja. Em Atos 6:1-7 notamos a solução dos apóstolos ao problema dos helenistas e judeus. Eles disseram que não deveriam deixar de dedicar-se à Palavra de Deus para cuidar do interesse pessoal dos fiéis. A comunidade deveria eleger alguns homens para tais serviços para que os apóstolos se dedicassem apenas à palavra e oração.

Ou seja, para os apóstolos, não havia nada mais importante para a igreja do que a proclamação da Palavra de Deus. Todos os demais interesses da igreja deveriam ser secundários diante do seu interesse pela palavra. A pregação da palavra deveria ser a atividade central daqueles líderes.

A conseqüência disso encontra-se no verso 7. Diz lá que “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos...”. O crescimento dos discípulos acompanhava o crescimento da palavra. O grande método de crescimento dos apóstolos era a proclamação das Escrituras.

Afirmei que os métodos sugeridos de crescimento de igreja funcionam. De fato funcionam se o objetivo for o crescimento em si. Mas se o objetivo de um líder for um crescimento saudável, de crentes fiéis a Deus, de verdadeiros crentes, seu método não será outro, senão a pregação pura e simples da palavra regada de muita oração. A igreja primitiva crescia, não porque os apóstolos visitavam os convertidos, ou porque eram grandes aconselhadores, nem tampouco porque tinham métodos inovadores de crescimento, mas porque se dedicavam à palavra, e esta palavra alimentava àquela igreja com um crescimento sadio e verdadeiro.

Portanto, não há nada mais importante para nossos líderes do que a pregação da palavra. Desejemos que o púlpito seja o local em que eles mais anelem estar. De lá sairá o método mais poderoso, eficaz e saudável para o crescimento da igreja.

 

“In omnibus glorifecetur Deus”

terça-feira, 13 de outubro de 2009

deuses pela metade


“Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” (1 Co 8.5,6)

Hoje vi um anúncio na TV de um programa que teria o foco de apresentar como as diferentes religiões viam certos aspectos da vida. Certamente, o programa deverá tratar desde as questões do cotidiano, como o estresse, até os assuntos que se referem à vida após a morte.

Desde cedo, sempre me perguntei: Por que tantas religiões? Alguns me respondiam que todas acreditavam no mesmo deus, mas o chamavam de formas diferentes. Outros diziam que o importante era seguir alguma delas para se ter uma vida melhor. E ainda havia os que diziam que todos os caminhos levavam a Deus.

Diante de tantas respostas, isto é, tantos deuses, o que fazer? Na verdade, quem fez não fui eu. Fui alvo de uma ação miraculosa, fruto de um planejamento eterno antes da criação do próprio tempo. A graça irresistível de um Ser chamado Deus, exercida através da morte de Seu único Filho, me alcançou. Respondi com um “sim” à oferta de uma vida eterna com esse Deus. Pedi perdão pelas faltas, os pecados, que até então havia cometido contra Ele. Esse Ser se revelou a mim. Não em uma epifania insana, não em um ataque de nervos. Esse Deus se revelou pelas Suas próprias palavras, escritas em um livro, a Bíblia.

Então, olhei para os outros deuses, para as outras respostas. Vi que eram deuses pela metade e, portanto, só me davam respostas pela metade. A minha expectativa pela eternidade, comum a todos os homens, não era preenchida por nada. O abismo que havia dentro de mim só seria preenchido por aquEle Deus da Bíblia. O Deus que me prometeu a vida eterna com Ele. Assim, fui transformado em um novo homem, uma nova criatura.

Cri e creio em um Deus completo, e não pela metade.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vitória ou completa derrota?


"O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros." (1 Co 6.7a)

Às vezes fico me perguntando sobre essas vitórias que são faladas por aí nas músicas, nas programações de muitas igrejas e nas propagandas de televisão. “Venha para a quarta da vitória!”, “Culto da vitória”, “A vitória é sua!”. Essas e outras expressões podem ser encontradas nesse tão vasto meio evangélico.

O que me pergunto acerca disso é o que é, de fato, essa tão falada vitória. Será que se refere à vitória financeira? Se for assim, todos aqueles que passam por dificuldades financeiras (a maioria das pessoas?) seriam as derrotadas ou as que estão lutando? Haverá um momento em que pararão de lutar? Serão ricos então?

O que se pode ver é que esse termo “vitória” é utilizado de uma forma muito genérica. “O irmão vai obter vitória!”. E eu me pergunto: Que tipo de vitória vou obter? Quando eu vencer, não vou mais lutar?

Lendo a epístola de Paulo aos Coríntios, chamou-me atenção uma passagem em que Paulo fala de uma completa derrota. O contexto é a situação de alguns crentes que tinham pendências jurídicas com outros irmãos e que queriam resolver esses impasses nos tribunais incrédulos. Paulo os exorta a acertarem suas contas diante dos próprios irmãos, numa espécie de assembleia. Então, o apóstolo diz que só o fato de haver esses problemas, o que ele chama de demandas, já é uma completa derrota.

Com isso, pode-se perceber qual o conceito de Paulo sobre derrota. Para o apóstolo, derrota é ver aquela igreja dividida, é ver uma completa falta de harmonia no povo de Deus. A vitória, portanto, seria uma igreja unida no propósito de glorificar a Deus. Seria vitoriosa a igreja em que os irmãos resolvessem suas diferenças entre si de uma forma saudável, isto é, bíblica. Não vejo em nenhum momento Paulo dizer que a igreja vitoriosa é aquela que tem mais membros ou que tem a maior arrecadação.

Vencer significa fazer o que agrada a Deus. Nas cartas às igrejas, em Apocalipse, há a expressão “ao vencedor”. Significa aqueles que obtiveram a aprovação do Senhor, mostrando-se crentes genuínos. Esses são os vencedores.

Escrevo isso para tentar tirar esse ar triunfalista que toma conta de muitos crentes. Com uma falsa impressão do que é vitória, pensam eles que vencer significa prosperar. Para os que pensam assim, lembrem-se de que a maior vitória que o mundo já viu foi a morte de Cristo na cruz e a Sua ressurreição. Não consigo ver algo mais doloroso e difícil do que morrer em uma cruz. Mas, naquele momento, Cristo estava triunfando sobre a morte, cumprindo a vontade do Pai.

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu, um juiz?


“Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.” (1 Co 4.5)

A necessidade de julgar parece ser intrínseca a nós, seres humanos. Estamos sempre avaliando algo, desde o início do nosso dia, quando acordamos e dizemos de nós mesmos, por exemplo, que naquele dia não estamos de bom humor, até quando vamos dormir e dizemos que o vizinho do lado é um insensível por escutar música num volume alto a ponto de atrapalhar nosso sono. Tudo isso é avaliação. Tudo entra no mérito do julgar.

Temos também outra característica que também é intrínseca a nós: a limitação. Sendo limitados a não conseguir saber os pensamentos de outras pessoas, só conseguir ver uma parte da realidade e ter um raciocínio que só vai até um certo ponto, temos nossa capacidade de julgar seriamente comprometida. Afinal, se não vemos a situação, de fato, como um todo que ela é, podemos julgar de forma errada. Além disso, ainda há o pecado, também dentro de todos os homens, que torna os nossos julgamentos imperfeitos, assim como nós.

Não digo com isso que devemos parar de julgar o que se apresenta a nós. Pelo contrário, a Bíblia reforça a nossa obrigação de sempre avaliarmos tudo. O pedido de Salomão foi por sabedoria para discernir entre o bem e o mal a fim de que pudesse julgar o seu povo.

O julgamento dos homens pode falhar, e esse é o meu foco aqui. O que os outros pensam sobre nós mesmos pode estar errado. Até o que nós pensamos acerca de nós mesmos pode estar errado. Mas há um julgamento do qual ninguém escapa. Nesse julgamento, o Reto Juiz vê absolutamente toda a situação. Ele não precisa de investigações ou detectores de mentiras para saber o que realmente aconteceu.

Esse Senhor, o Perfeito Juiz, mostrará tudo o que foi escondido. Ele trará luz ao que foi oculto em trevas. E não só isso. Ele manifestará os desígnios dos corações. Ele verá o que motiva cada um de nós a fazer cada uma de nossas ações. Não adiantarão sorrisos amarelos, respostas evasivas e outras estratégias que utilizamos para maquiar a nossa situação. O Senhor revelará absolutamente tudo.

E, nesse momento, cada um receberá de Deus, o Justo Juiz, o louvor da parte dEle. Esse louvor vale mais do que alguns segundos de aplausos que logo se cansarão, esse louvor vale mais do que alguns tapinhas nas costas que rapidamente acabam, esse louvor vale mais do que um “muito bem” vindo de alguém que nem sabe exatamente o que nos levou a fazer tal feito.

O louvor que receberemos de Deus será o mais perfeito elogio que alguém poderá receber, pois vem exatamente do Senhor, que faz o seu julgamento com base em todos os fatos, e não em suposições. Nem sempre o louvor dos homens quer dizer aprovação de Deus. E a recíproca é verdadeira.

Em Cristo,

Felipe Prestes

Comunicado

Gostaria de informar aos caros leitores que o Lentes Espirituais parou por essa semana passada. Sem internet e sem computador ficou difícil escrever e postar por aqui. Graças a Deus, esse problema tem sido resolvido. Espero retornar com a mesma frequência de antes.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Falsa impressão

“Estes são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação.” (At 16.17)

O que há de errado nessa frase? Quanto à sua veracidade, não há o que se discutir. Ela se refere a Paulo e seus companheiros de viagem, servos cumprindo a missão que lhes foi confiada. Também não há nada de errado com “Deus Altíssimo”. É um título bem pertinente para falar do Deus Soberano que está acima de tudo e de todos. Por fim, o que aqueles servos estavam fazendo também era verdade, afinal eles estavam pregando, anunciando Cristo, único caminho para a salvação do homem.

Então, se o erro não está no conteúdo da sentença, onde mais estará? Nesse momento, entra uma palavra chave para a interpretação de qualquer texto. A palavra é: contexto. A sentença em si, como mostrado, não contém erros. Poderíamos pensar, sem olhar o contexto, que ela foi proferida por alguém temente a Deus que anunciava o trabalho de alguns missionários. Mas essa seria uma falsa impressão. A sentença acima foi falada por um demônio.

Muitas vezes nos deparamos com situações semelhantes. Escutamos frases corretas, palavras bonitas, discursos verídicos. São pessoas falando sobre Deus de uma forma tão tocante que até emociona. A vontade que dá é de falar um amém bem grande depois do que alguns falam. Se ficássemos só no conteúdo, pensaríamos que aquilo foi falado por alguém temente a Deus como um fruto de lábios piedosos.

A questão é: não podemos ficar só no conteúdo. Precisamos olhar o contexto. Precisamos saber quem fala tal proferimento. Se em todo o seu discurso não há nenhum problema, devemos olhar a sua vida como um todo. É incontável o número de atrocidades que já foram feitas por discursos fora do lugar. Só como exemplo, podemos tomar os “teólogos” da prosperidade, que pegam versículos verdadeiros, sim, pois estão na Bíblia, mas versículos que se referem às bênçãos materiais que Deus dava a Israel na época do Antigo Testamento. Tirando desse contexto, esses falsos profetas dizem que fidelidade a Deus é igual a uma vida financeira próspera. Seja fiel e pague suas contas em dia! Seja fiel e troque o seu carro nacional por um importado. Seja fiel e seja feliz nas finanças!

Portanto, nada melhor do que o conselho que João escreveu na sua primeira epístola. Aliás, vale dizer que, em uma época com uma multidão de evangélicos crescendo exponencialmente a cada apelo em cada igreja desse Brasil, aquela epístola faz-se mais do que pertinente, faz-se fundamental. A tônica dela é o provar. O discípulo amado vai dando provas de quem é, de fato, um salvo. Se alguém não faz isso, é isso. É mais ou menos assim que João trata ao longo de sua epístola. Portanto, antes de crermos que alguém é um servo de Deus somente pelas suas palavras, olhemos para a situação total e sigamos as palavras de João:

“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.” (1 Jo 4.1)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mísera fidelidade




Nesta semana, ouvi um irmão pedir a Deus em oração o seguinte: “Senhor, multiplica nossa mísera fidelidade.” Foi uma expressão que ficou ecoando em minha mente por um bom tempo.

Com essa feliz expressão, aquele irmão expressou muito. Falou da sua fidelidade, sim. Não como o fariseu que usou sua “oração” para se mostrar superior, mas como o publicano que evidencia a sua vontade de ser fiel, apesar de entender o quão pequena e miserável é sua fidelidade a ponto de não conseguir olhar para os céus.

O mais impressionante é ver que o Senhor Jesus, ao contrário de nós, é rico em fidelidade. Enquanto algumas vezes sentimos dificuldade em devolvê-Lo dez por cento do que Ele mesmo nos dá, Ele nos dá toda sorte de bênçãos nas regiões celestes. Enquanto hesitamos em usar o nosso tempo no serviço de Sua obra, Ele dá aos Seus amados enquanto dormem, olhando por nós o tempo todo em todo o tempo. Enquanto sentimos dificuldade em provar-Lhe, através de nossas ações, o nosso amor, Ele provou o Seu amor para conosco enviando Seu Único Filho para morrer pelos que cressem nEle.

A lista poderia continuar facilmente. Diante disso, façamos das palavras daquele irmão as nossas.

Senhor, multiplica nossa mísera fidelidade!


"Se somos infiés , ele permanece fiel, pois de maneira nenhama pode negar-se a si mesmo."

(2 Tm 2.13)



Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Opostos


Para o mundo, obras expostas.

Para Deus, motivação de coração.

Para o mundo, orgulho e imponência.

Para Deus, humilhação e contrição.

Para o mundo, só prazer,
nada de sofrimento.

Para Deus, prazer até
no sofrimento.

Para o mundo, rapidez e praticidade.

Para Deus, espera e fé.

Para o mundo, riquezas e bens.

Para Deus, temor a Ele.

Para o mundo, amor só aos
que nos fazem bem.

Para Deus, amor até aos
que nos fazem mal.

Para o mundo, viver como
se nada houvesse após a morte.

Para Deus, viver em função
do que haverá após a morte.

Para o mundo, inteligência.

Para Deus, sabedoria.

Para o mundo, os primeiros.

Para Deus, os últimos.

Para o mundo, os maiores.

Para Deus, os menores.

Para o mundo, os que têm.

Para Deus, os que são.

Para o mundo, o ver.

Para Deus, o crer.

Para o mundo, o receber.

Para Deus, o dar.

Para o mundo, os que mandam.

Para Deus, os que servem.


Em Cristo,
Felipe Prestes

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Branco? Tem certeza?

Creio que todos já viram aquelas propagandas de sabão em pó. Na verdade, elas parecem ser sempre as mesmas. Há sempre uma comparação entre “o sabão de outras marcas” e o sabão da marca anunciante. Para isso, pegam duas camisas brancas. Uma lavada pelo sabão anunciante e outra lavada pelo “sabão de outras marcas”. Se olhássemos as duas camisas separadamente, acharíamos que estavam brancas. No entanto, ao se colocar uma ao lado da outra, o branco “mais branco” de uma vai mostrar o quanto a outra camisa não estava “tão branca assim”.

Às vezes temos também uma mania de branco. Olhamos para nós mesmos e não vemos “tanto pecado assim”. Um errinho aqui, um escorregão ali, mas nada que comprometa nossa vida espiritual – é o que pensamos. Chegamos diante de Deus pedindo perdão pelos nossos pecados, mas, na verdade, não vemos tantos erros assim. Pedimos pra que Deus trabalhe na vida de fulano, sicrano e beltrano. Mas, na nossa vida, talvez não haja tanto a trabalhar assim.

Assim, pensamos que estamos brancos. Alvos como a neve. Mas, será mesmo? Será que estamos tão alvos assim?

Na verdade, essa alta avaliação de nós mesmos é um dos maiores erros que podemos cometer. Quando nos achamos santos demais, sábios demais, espirituais demais, certamente há um problema conosco.

A melhor solução para esse problema é nos achegarmos diante de Deus com sinceridade de coração. No momento em que compararmos nossa santidade, sabedoria e espiritualidade com a dEle, veremos o quão distante estamos do verdadeiro ideal de vida que precisamos ter. O que pensávamos que tínhamos de branco veremos que se tornou um trapo de imundície. Miraremos o branco de Cristo e veremos quão sujas são muitas das nossas obras e motivações.

Portanto, na hora de nos avaliarmos, ninguém melhor do que o Senhor, que é Santo, Santo, Santo, para nos mostrar o quanto precisamos melhorar. E, obviamente, só Ele pode derramar o Seu sangue sobre nós e, de fato, nos tornar alvos como a neve.

"segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso prcedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo." (1 Pe 1.15,16)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quantas horas no céu?


Uma vez alguém me disse que um piloto de avião tem sua experiência contada a partir de suas horas de vôo. Isso quer dizer que, não obstante seus anos como piloto, o que conta como experiência são suas horas no ar.

Creio que o mesmo deve acontecer com a vida espiritual. “Quantos anos você tem de crente?”. Essa é uma pergunta comum. O intrigante é vermos jovens na fé tendo um desempenho espiritual maior do que muitos crentes “experientes”. É fácil ver crescimentos meteóricos em alguns, enquanto outros parecem ter parado no tempo.

Creio que nossa experiência como cristãos deve ser contada a partir do nosso tempo de comunhão com Deus. Deve-se contar quantas horas tivemos no céu, em contanto com o Pai. Não importa há quanto tempo foi o nosso batismo. Não importa quantos aniversários de nossas igrejas já acompanhamos. O nosso crescimento espiritual é contado a partir do nosso tempo perto de Cristo.

Se fôssemos listar o que nos ajuda a crescer como crentes, talvez fizéssemos uma lista enorme de tarefas espirituais. Mas o que é imprescindível para ganhar maturidade na vida cristã são as disciplinas espirituais mais básicas: leitura da Bíblia e oração. Eu colocaria mais uma. Não como disciplina para se fazer uma vez no dia, mas como prática para se fazer durante toda a nossa vida.

Esse item da lista seria um esforço não pontual, mas constante de buscar fazer a vontade do Pai, praticando os Seus preceitos e tornando em ações o que prometemos a Ele em palavras.

Assim, ganharemos não só experiência como crentes. Ganharemos intimidade com o Senhor Jesus, teremos mais claramente Sua imagem em nós e brilharemos mais intensamente a Sua luz. Tudo para dar mais glórias a Ele.

E então? Quantas horas no céu você tem?

"De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento." (1 Co 3.7)

Em Cristo,

Felipe Prestes

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Sorriso da Alma (Atos 16:19-26)

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“O louvor é o sorriso da alma”. Ouvi esta frase em uma música. Ela me chamou a atenção por afirmar que o louvor é um sorriso e que vem da alma. Sorrir é uma expressão corporal. A gente sorri com a boca, mostrando os dentes, contraindo o rosto. Então, em que sentido o louvor é um sorriso que vem da alma?

O Apóstolo Paulo e seu companheiro de viagem Silas mostram-nos o que é sorrir na alma. Lucas relata no livro de Atos, capítulo 16, dos versículos 19 a 26, uma ocasião onde tudo parecia mal, não havia nenhum motivo para sorrir. Paulo e Silas encontravam-se em uma situação desesperadora. E quem sorri quando está desesperado?

O relato se passa em Filipos. No começo parecia que tudo caminhava muito bem. Logo quando chegaram, já houve a primeira conversão, a de Lídia. Depois, após serem perseguidos por alguém possesso de demônio, eles o exorcizaram e puderam continuar sua obra. Mas tudo então deu um nó. Os líderes da cidade, tomados por interesses financeiros, os arrastaram e mandaram que fossem açoitados com varas.

Deve doer muito ser açoitado com varas, mas a dor passa depois de, talvez, uma hora. O pior ainda estava por vir. Após açoitá-los, os levaram a uma prisão e os prenderam em um tronco. Este tronco era um instrumento de tortura que prendia as pernas abertas, causando dores intensas geradas por constantes cãibras, e eles passariam uma noite inteira sendo, desta forma, torturados.

Quem iria sorrir naquela hora? Será que alguém se divertiria em uma situação como aquela e daria gargalhadas? Quem, após levar chibatadas e ser torturado, manifestaria alegria? Ninguém, é claro, nem Paulo e Silas. Eles não estavam sorrindo, não estavam alegres, não estavam “para brincadeira”. Estavam desesperados! Sentiam dores intensas, cãibras nas pernas, ardor nas costas.

Entretanto, aqueles homens poderiam estar aprisionados, mas as suas almas estavam livres. As chibatadas doíam no corpo, mas, em suas almas, elas geravam um regozijo intenso de alegria, talvez se lembrando de seu amado mestre que havia sofrido aquela mesma dor. Seus corpos não queriam sorrir, mas as suas almas sorriam alegremente cantando como uma criança que brinca livre em um campo aberto.

Assim, entendemos como o louvor é o sorriso da alma. Ainda que esta vida nos faça sofrer ao passarmos por situações tão tristes, a nossa alma está transbordante de alegria. Embora presos por algemas, nossas almas estão libertas em Cristo.

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” 2 Coríntios 4:17

“Im omnibus glorifecetur Deus”

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

É hora de crescer!


“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.” (1 Co 3.1)

Dizem que ser professor é um dom. Sempre que falam das dificuldades da docência, o primeiro problema da lista é a paciência. Muitos dizem que sabem o conteúdo, mas que não conseguem ou não são pacientes o suficiente para ensinar alguém algo novo.

De fato, ensinar requer uma paciência considerável, o que é virtude de poucos. E eu diria que difícil mesmo não é ensinar pela primeira vez. Essa é fácil de conseguir. Difícil mesmo é quando aquele a quem tentamos ensinar precisa não só de uma, mas duas, três ou várias e várias explicações. Mais difícil ainda é, depois de todas as explicações imagináveis acerca do mesmo assunto, ver o aluno cometer o mesmo erro.

Essa parecia ser a situação dos crentes de Corinto. Paulo e os líderes daquela igreja já haviam ensinado aquela igreja por um bom tempo. Aqueles crentes já deviam saber muito sobre a vida cristã. Já deviam ser maduros na fé. Deveriam até já poder dar aulas sobre a doutrina que foi tão ensinada a eles.

Infelizmente, esse não era o caso. Aqueles crentes estavam errando em princípios básicos. Paulo se sentiu como um professor que se vê diante de um aluno numa sala de Ensino Médio, mas que não sabia ler ainda. Grande frustração do apóstolo. Queria falar a homens, viu-se diante de meninos.

Aqueles crentes pararam no tempo. Anos e anos de conversão. Pregações de grandes homens de Deus: Paulo, Apolo, entre outros. Mas eles não cresceram espiritualmente. Continuaram como crianças errantes pelos caminhos.

Que não sejamos como aqueles crentes de Corinto. Que estejamos a crescer na fé que nos foi dada. Que possamos ser homens e mulheres espirituais, e não carnais. Que os assuntos celestiais não sejam estranhos a nós, e sim os temas que mais nos animam. Enfim, que não sejamos retardados espirituais.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sábado, 29 de agosto de 2009

Lobo ou Ovelha?

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Como podemos identificar um lobo em pele de ovelha? Simples. Uma ovelha não devora outra ovelha. Mas um lobo, por mais disfarçado e parecido com uma ovelha, sempre atacará. A sua natureza é mais forte que seu disfarce, ele sempre vai querer devorar o rebanho.

O Senhor Jesus falou que os falsos-profetas se apresentariam como lobos disfarçados de ovelhas. Todavia, neste mundo cinzento, onde tudo é muito relativo, tolerante, está difícil saber quem é quem. Ser evangélico já não significa muito, todo mundo pode ser um pastor, apóstolo, bispo e, pasmem, tem até paipóstolo. Todos são ditos crentes, góspels, evangélicos e servoimages de Deus.

Todavia, por mais “espirituais” que pareçam, a sua natureza os acusam. Assim como um lobo em pele de cordeiro quer o mal das ovelhas, um falso-profeta em pele de profeta deseja “devorar” seu rebanho.

Uma vez ouvi que estes homens pregam um evangelho muito cruel. É uma mensagem constituída de promessas e exigências. Eles prometem riqueza, saúde, prosperidade, tranqüilidade, uma família feliz, uma casa na praia e mais um monte de coisas que todo mundo quer. Mas eles exigem muito também, exigem fé. Para receber as promessas exige-se fé. Assim, se você não receber, é porque não teve fé.

Imagine alguém com câncer. Essa pessoa se dirige a um “bispo” destes e ouve que Deus prometeu vitória sobre aquela doença, que estava determinada a benção, que o inimigo estava amarrado e que ele estava curado. Quantas promessas. Alguns dias depois ele faz um exame e descobre que seu câncer evoluiu a um estado terminal. Ele retorna ao “bispo” e pergunta onde estavam todas aquelas promessas! O bispo responde “Você não teve fé suficiente”. Agora, além de amargar a espera da morte, ele terá que suportar a dor da culpa.

Quantas ovelhas estão buscando a “Glória de Deus”, desejando a “Graça de Deus” e querendo entrar no “Reino de Deus”. Quantos querem provar que Deus é amor e clamar “Senhor, Sara a nossa terra”. Não importa se estarão em um grupo de 12 ou na mira de uma “Bola de Neve”, pobres ovelhas, caminham ao matadouro. Encontrarão heróis que pintam a entrada do inferno com as cores do céu. Um lobo jamais vai querer o bem das ovelhas.

Se Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho é porque o seu Filho é o melhor para o mundo. Deus não amou tanto o mundo que amarrou o diabo. Deus não amou tanto o mundo que nos deu a vitória sobre as doenças. Nada disso! É de Jesus que o mundo precisa. O Reino só será realmente universal, a Glória mundial e a Graça internacional se Cristo for anunciado por todo o mundo.

“Porque não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor” Apóstolo Paulo

“Im omnibus glorifecetur Deus”

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Limites

Nós, seres humanos, temos um sério problema de querer ser o que não somos. Isso se reflete quando achamos que temos capacidade de fazer qualquer coisa. Mas, quando, por um ou outro motivo, somos impossibilitados de fazer aquilo que achávamos que faríamos, nos frustramos profundamente.

Em momentos assim, vemos nossa pequenez, nossa finitude. Vemos de forma bem clara os nossos limites. Vemo-nos como seres que só podem ir até um certo ponto. Depois dele, não podemos. “Você não pode!” é uma expressão difícil de escutar atualmente, já que as mídias estão por aí divulgando a supervalorização do “eu”.

“Você é importante, potencialize suas capacidades!”, “Você pode mais!”. Essas e outras frases vemos por aí anunciando super-homens e super-mulheres para os quais o céu é o limite.

Mas há aqueles momentos em que as circunstâncias nos traem e que vemos as nossas próprias fronteiras. Nesses momentos, os super-herois veem seus poderes serem ceifados.

Bom mesmo é crer em Deus, o único soberano e onipotente. Ele que é o próprio criador das circunstâncias. Não precisamos lhe dar um prefixo de “super-Deus”. Não. Seu próprio nome já diz quão imponente Ele é. Nas horas em que nossos limites vierem à tona, olhemos para Ele, o Senhor Todo-Poderoso. Para Ele, não existem tarefas inatingíveis, inexequíveis ou inviáveis.

Glórias ao Deus para Quem nada é impossível!

“Eis que eu sou o SENHOR, o Deus de todos os viventes; acaso, haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?” (Jr 32.37)

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Duas dores, dois senhores


“No caminho de Deus, a dificuldade se torna prazerosa.”
Carlos Bezerra

No decorrer da minha vida cristã, tenho percebido que há dois tipos de dores que podemos sentir. Há uma dor excruciante e profunda. Essa dor consome os nossos pensamentos. Ela vem com pontadas de acusação e nos fere sem dó. Essa é a dor da culpa. Aquela que sentimos quando fizemos algo de errado. Dor que vem junto com vergonha, amargura e angústia. É a dor do pecado.

Há também outro tipo de dor. Essa não tem um limiar menor do que a primeira. Perdão pela redundância, mas essa dor também dói. E dói muito. Porém, diferente da outra, ela não consome, mas constrói. Ela nos fere, sim. Contudo, como um diamante a ser lapidado, cada golpe nos torna mais próximos do projeto final daquEle que nos modela. Chamo a essa de dor da obediência. Com ela vêm transformação, crescimento e intimidade com o Senhor.

Muitos usam o pecado como anestésico para a primeira dor. Quanto mais pecado, mais o coração se torna insensível aos gemidos do Espírito. A dor da culpa deixa de ser dor e o pecador se entorpece com as próprias iniquidades. Amarga ilusão. Um dia Deus o acordará de seu “coma espiritual”, cobrando-lhe a obediência que lhe havia sido exigida.

Para a segunda dor, eu diria que o anestésico vem junto com ela. O prazer da obediência àquEle que nos ama torna aquela dor suportável. Não como um entorpecente que aliena o sofredor, mas como uma dose de nutrientes que nos faz mais fortes. A dor não se faz menor. Nós é que nos tornamos maiores em Cristo.

A vida é feita de escolhas, e essa é uma delas. Não há como fugir. Desobedecer dói, obedecer também dói. A diferença está no resultado final de cada uma delas. E é essa escolha que definirá o que receberemos no final de tudo. Aos desobedientes, dor eterna. Aos obedientes, prazer eterno.

“E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 25.30)

“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.4)

Em Cristo,

Felipe Prestes

domingo, 23 de agosto de 2009

O Justo pelo injusto…

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Havia uma ilha distante em que todos os seus habitantes viviam em perfeita harmonia. Era um pequeno reino onde ninguém pecava. Todos obedeciam ao rei, que era íntegro, e não havia lei que fosse quebrada.

Um dia, porém, algo inesperado aconteceu. Os secretários vieram ao rei comunicá-lo algo novo e trágico: alguém cometeu um roubo. Toda a população estava chocada, jamais aquilo acontecera antes. Todavia uma das qualidades desse grande governante era a misericórdia, jamais ele precisou utilizá-la, mas fazia parte de sua natureza o ser misericordioso.

Ele convocou toda a população e disse que não haveria punição, mas que, se aquele pecado fosse cometido novamente, o culpado levaria 200 chibatadas nas costas. Isso tranqüilizou a população e todos voltaram para os seus afazeres.

Entretanto, a mesma pessoa cometeu a mesma falha alguns dias depois. Mais uma vez o rei conclamou o povo e agiu novamente com misericórdia, aumentando, porém, as punições ameaçadas para 500.

Quando todos achavam que a situação estava resolvida e a paz reinaria novamente, o pecado foi cometido mais uma vez. Todos estavam enfurecidos, e o rei disposto a agir com justiça. As chibatadas deveriam ser dadas sem misericórdia!

O rei chamou todo o povo e ordenou que o réu fosse apresentado. Quando o culpado foi colocado diante do rei ele deparou-se com uma senhora velhinha, com pele frágil e corpo franzino. Mas a justiça deveria ser feita, a sentença deveria ser executada.

Assim o rei ordenou que amarrassem aquela senhora. Mandou que suas vestes fossem levantadas para suas costas serem expostas às chibatadas. Os guardas, então, foram ordenados a preparar os braços para as 500 chicotadas. Todavia, mais uma ordem foi dada! O rei mandou que eles parassem. Todos ficaram atônitos! O que o rei estava para fazer? A justiça não deveria ser feita?

O rei desceu de seu trono, aproximou-se daquela frágil senhora, retirou suas vestes reais, abraçou a pecadora pelas costas e disse “Podem dar as quinhentas chibatadas”. A justiça foi feita, mas a dor foi sentida no justo.

“...Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos...”     1Pedro 3:18ª

“In omnibus glorifecetur Deus”

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ainda sobre o desespero


No último post, nosso amigo Neto falou sobre o desespero. Gostaria de continuar a falar sobre o assunto.

Etimologicamente, isto é, tomando a raiz da palavra, pode-se ver que desesperança significa não ter o que esperar. Eu, sinceramente, não consigo imaginar pior sentimento do que esse.

Quando estamos em uma fila, por exemplo. Ninguém gosta delas. Mas, mesmo que demore muito, o consolo que temos é que, apesar de todo aquele tempo, em um momento chegará a nossa vez. Esperamos por algo real, concreto, que sabemos que irá acontecer.

O problema é quando não temos mais o que esperar. E é aí que vem o verdadeiro desespero. Não sabemos o que fazer. Na verdade, nem temos o que fazer. Não esperamos por mais nada.

Há um motivo real para se entrar em desespero. Uma grande infelicidade. Na verdade, a maior de todas as infelicidades. E essa profunda desesperança pode e deve vir, caso não se tome uma atitude quanto à nossa situação eterna.

Esse mundo é cheio de dores. A vida é difícil mesmo. São muitas circunstâncias contrárias ao que deveria ou poderia ser o que chamamos de ideal. No entanto, há uma esperança eterna para os que confiam em Cristo. Se não a tivéssemos, se o que passamos aqui debaixo do sol fosse tudo, quão infelizes seríamos.

Graças a Deus esse não é o caso!

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Co 15.19)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

“Não chores”

SonhoDeEsperanca

'”Em dia subseqüente, dirigia-se Jesus a uma cidade chamada Naim, e iam com ele os seus discípulos e numerosa multidão. Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saía o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela. Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores! Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te! Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua mãe.” Lucas 7:11-15

Estou desesperado!!!

Esta é uma frase que dizemos quando nos encontramos em uma situação extremamente difícil da nossa vida. O próprio dicionário define desespero como “Estado de espírito ou sofrimento daquele que passa por inúmeras dificuldades e aflições e não tem como superá-las ou acredita que não o possa fazer; Sofrimento moral extremo, misto de aflição, angústia, descontrole e tormento, ligado muitas vezes à sensação de perda (ger. Irreparável”.

Estar desesperado é simplesmente perder a esperança. É como ouvir da voz de um médico que seu câncer é terminal, você daqui a alguns dias irá morrer e não há nada que possa ser feito. Não há nada que possa ser feito! Essa é a frase que muitas vezes toma o nosso coração, e daí somos tomados pelo desespero.

Mas não há maior desespero do que o sentido quando perdemos alguém que tanto amamos. Aquela pessoa que gostamos tanto se foi, e não há mais nada que possa ser feito, nunca mais a veremos, nunca mais poderemos abraçá-la, não há mais nada que possa ser feito. A morte realmente é uma fonte de enorme desespero.

O texto acima fala de uma mulher, a viúva de Naím. Sabemos que as mulheres não tinham muitas oportunidades naquela época. A sociedade era mantida pelo trabalho dos homens, e as mulheres dependiam inteiramente de seus maridos. O marido era o amparo, aquele que fazia com que a mulher se sentisse valorizada. Pois essa mulher havia perdido o seu marido. Perdeu o seu amparo, o seu sustento, o seu valor. Isso já seria um motivo de grande desespero para uma mulher. A não ser que ela tivesse um filho para ampará-la. Por isso que Jesus disse para João ele deveria ser como um filho para Maria, pois ela já não tinha mais marido.

Aquele jovem filho, então, seria o amparo e o sustento daquela viúva. E, além disso, era o seu único filho. E agora ela perdia também o seu filho amado. Aquela pobre senhora agora tinha muitos motivos para estar desesperada. Sem filhos, como ela conseguiria sustentar-se? De onde viria o seu amparo nas doenças? Ela também poderia pensar que não teria mais descendentes, algo de grande tristeza para um judeu. Mas, acima de tudo isso, certamente nada a desesperava mais do que perder um filho. Não existe maior dor para uma mãe do que enterrar seu filho, único filho, e ainda jovem. A situação daquela mulher era extremamente dramática, ela caminhava para nunca mais ver seu filho, nunca mais ter seu carinho, seu amparo e seus abraços.

Até que ela encontrou o Autor da Vida em seu caminho. Ao caminhar para sentir a dor da morte, aquela mulher sentiu a paz vinda do dono da vida. Encontrar-se com Jesus fez com que ela percebesse que com Jesus não há motivos para desespero. Com Jesus algo ainda pode ser feito.

Nós também podemos passar por situações que nos trazem desespero. Podemos um dia perder alguém que amamos, ou nos deparar com uma situação em que diremos “E agora, o que eu vou fazer! Será que não há nada que possa ser feito?!”.

Esse texto precioso nos dá um consolo maravilhoso: com Jesus não há motivos para desespero. Com Jesus por perto, sempre haverá algo que possa ser feito. Que Deus nos ajude a lembrar dessa verdade confortante quando a vida se demonstrar dolorosa e sombria.

 

    “Im omnibus glorifecetur Deus”

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Visão apurada


“antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.” (Hb 11.27b)

Na tão vistosa galeria dos homens de fé, o autor de Hebreus explica porque aqueles homens podem ser considerados tão ilustres. O interessante é ver essa explicação acerca de Moisés, que não se amedrontou com a cólera do rei do Egito, mas permaneceu firme.

Às vezes, fico imaginando como esses homens de fé viviam. Moisés, um grande líder daquele povo, deveria sofrer duras oposições. Certamente, deveria haver aqueles materialistas, que, mesmo vendo um sinal claro de Deus, inventavam explicações naturalistas para “desmistificar” o sobrenatural. “Essas pragas nada mais são do que manifestações da natureza. Se não podemos explicá-las hoje, alguém explicará no futuro.” – é o que deveriam dizer.

Além desses, deveria haver também os pessimistas. Sabemos que a situação de escravidão do povo de Israel no Egito não era fácil, mas sempre há aqueles que pintam uma situação ruim com cores tão fortes que acabam parecendo ainda piores do que realmente são, tirando de muitos a esperança de uma possível melhora. Esses provavelmente diriam: “Nascemos escravos, morreremos escravos. Estamos fadados a esse terrível fracasso ao qual Deus nos condenou para sempre.”

Não bastasse esses problemas “internos”, ainda havia um faraó teimoso que insistia em não libertar o povo hebreu, mesmo vendo todo o juízo que Deus estava impondo sobre a terra e o povo do Egito. Mas Moisés suportou tudo isso. Ele estava vendo mais, muito mais, do que todos os seus opositores.

Um povo escravo há 400 anos. Um faraó tirano irredutível em suas decisões. Desânimo de seus liderados. Moisés via mais do que isso. Ele parecia ver aquele que é invisível, o que o fazia permanecer firme no propósito de cumprir a missão que lhe havia sido confiada. Que Deus nos dê as lentes de Moisés para que também pareçamos ver aquele que é invisível e possamos permanecer firmes diante das dores e oposições desse mundo.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Auto-análise


"Se você não é tão movido pelo amor de Deus, a ponto de se desvencilhar de qualquer coisa para gozá-Lo, e de não considerar nada mais querido do que os céus, então você necessita intensificar a sua convicção de pecados e miséria um pouco mais, e de implorando ao Senhor que o salve desse coração de pedra.
(...)
quando você hesita diante dos termos que Cristo estabelece quanto à autonegação, à crucificação da carne e ao abandono de tudo pela esperança da glória, e acha estas coisas duras demais, ou se encontra ainda considerando se deveria submeter-se a elas, e está ainda reservando secretamente alguma coisa para você mesmo; tudo isto certamente mostra que você ainda não foi suficientemente humilhado, pois caso contrário, não estaria agindo tão levianamente para com Deus."
Richard Baxter*

Mais duras palavras do pregador puritano para mexer conosco a fim de considerarmos sobre a nossa situação espiritual. Auto-análise sempre foi uma prática dos grandes homens de fé, que não se contentavam com sua presente situação espiritual, mas queriam mais e mais aproximar-se do Senhor.

Em Cristo,

Felipe Prestes


*Fonte: BAXTER, Richard. Quebrantamento – espírito de humilhação Tradução: Paulo Anglada. Knox Publicações, 2008.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Faça o presente!


É incrível a dificuldade que nós, humanos, temos de nos colocar no nosso devido lugar. Isso acontece até com relação ao tempo. Deixe-me explicar. Há um grande número de pessoas que fogem do presente. Dentre esses, há os que se apegam ao passado. Esses são chamados de saudosistas. Estão sempre rememorando momentos e dizendo “Como era bom naquele tempo!” Para eles, o passado é sempre melhor do que o presente. Frustram-se por não conseguirem voltar no tempo e viver aquela época que não volta mais.

Há também os que vivem com os olhos na frente. Pensando sempre no futuro, nos planos, nos sonhos, vivem em função desses projetos. Dizem sempre que no futuro será melhor, no futuro haverá isso, haverá aquilo. Antecipam bens que ainda não têm, empregos nos quais ainda não foram admitidos e até casamentos que ainda não tiveram. Esses estão sujeitos a não perceberem o futuro chegando. O tempo vai passando, e eles podem se decepcionar ao chegarem ao tempo que tanto esperavam e não terem aquilo que queriam.

Como tudo que Deus faz é perfeito, o tempo também não poderia ser diferente. Nossa relação com esse tempo foi muito bem projetada por Ele. Quanto ao passado, só podemos lembrar dele. Não podemos mudá-lo, nem voltar a ele como muitos iriam querer. Com relação ao futuro, não temos acesso a ele. Na verdade, nem sabemos se chegaremos a ele. Nós é que temos tola ilusão de que temos controle sobre a nossa vida. Triste engano. Quantas e quantas vezes no dia usamos a palavra “imprevisto”? O próprio Senhor Jesus foi quem disse: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Mt 6.27)

Não se dá pra mexer no passado, assim como não podemos ver o futuro. O que resta em nossas mãos é este tempo presente no qual estamos neste exato momento. É no hoje em que nos movemos, em que pensamos e em que podemos fazer decisões, que poderão ser resultados de lições do passado e também tentativas de chegar a um futuro melhor. Em outras palavras, o presente é o que podemos fazer. Portanto, chega de olhar o ontem e de ansiar pelo amanhã. É o hoje que temos para usar. Obviamente, usar para o nosso o Senhor do tempo.

“O presente que o homem faz alarga-lhe o caminho e leva-o perante os grandes.” (Pv 18.16)

Em Cristo,

Felipe Prestes

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Qual a semelhança entre o Orkut e o Movimento Evangélico atual?

orkut-logo 

Há certas piadinhas que começam assim: “Qual a semelhança entre ....”. Proponho, então, mais uma: “Qual a semelhança entre o Orkut e o Movimento Evangélico atual?”. Você tem 10 segundos para pensar.

Bem, a resposta é a seguinte. O Orkut possui várias comunidades com pessoas, assuntos e estilos diferentes. O Movimento Evangélico no Brasil, e no mundo, também é constituído de inúmeras igrejas (algumas coincidentemente se chamam comunidades) com pessoas, assuntos e estilos bem diferentes.

Até aí, nada demais. O problema é que muitos crentes, se é que são crentes, vêm tratando a igreja como tratam o Orkut. Neste site de relacionamentos você tem a oportunidade de se associar com várias comunidades ao mesmo tempo. Cada uma delas possui características que lhe agradam e/ou se adéquam ao seu perfil. Assim, poderá participar da “Queremos Coca-Cola 20 litros” e também da “Eu odeio acordar cedo” e será aceito por ambas.

O Movimento Evangélico também oferece igrejas capazes de satisfazer várias das preferências do homem moderno. Pode-se participar da “Igreja eu adoro música legal”, da “Comunidade Evangélica Eu procuro uma namorada (o)” e também da “Igreja Ninguém se mete na minha vida”. Interessante é que, assim como no Orkut, muitos participam das três, vão para o retiro das três e “se sente bem” em todas elas.

Atualmente, pela diversidade de igrejas, é comum ouvirmos pessoas que dizem procurarem uma comunidade “que mais lhe agrada”, ou “mais à minha cara” e também “onde eu possa adorar melhor”. Porém, na maioria dos casos que conheci, as pessoas na verdade queriam era participar das comunidades “Eu odeio pregação sobre pecado”, ou “Eu odeio louvor com reverência”, também da “Eu odeio igreja que disciplina” e mais a “Eu odeio igreja que não grita”.

Escolher uma igreja, entretanto, é completamente diferente de escolher uma comunidade no Orkut. O Orkut nos serve adequando comunidades ao nosso perfil. Mas a Igreja não foi criada para nos servir, mas para servir ao Senhor Jesus Cristo (Ef 5:24a). A Igreja não foi feita para amoldar-se ao perfil e as preferências dos homens e assim atraí-los a ela; porém, diferente disso, a igreja é chamada para atrair homens e mulheres através da pregação pura e simples do Evangelho (1 Cor 15:1-4).

O crente humilhado diante da misericórdia e da graça de Deus não procurará uma igreja baseado em critérios puramente pessoais, egoístas e mundanos. Todavia, seu critério será unicamente bíblico, ou seja, a igreja que escolherá prezará pela centralidade das Escrituras como regra de fé e prática. Esse tipo de comunidade, se houvesse uma no Orkut, certamente se chamaria “Eu amo a Glória de Deus”.

 

‘Im omnibus glorifecetur Deus”

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Crentes" no palco


Creio que uma das primeiras artes que o mundo testemunhou foi a interpretação. Temos uma facilidade tremenda em fingir o que não somos, o que não temos e o que não fazemos. Sempre foi assim. Desde o primeiro pecado, Adão olhou para Deus e se fingiu de inocente, jogando a culpa para Eva pelo erro que ambos cometeram.

E, assim, os homens continuam a fingir. Creio que o lugar para representar deve ser o teatro mesmo. Lá há uma licença para ser o que se não é, para ter o que se não tem e para fazer o que se não faz. A diferença é que, naquele palco, todos sabem disso.

O problema é que muitos têm querido fazer do mundo um palco. De forma impressionante, se mostram atores de primeira qualidade, interpretam cenas quase reais e tomam para si papéis que convencem a todos. São atores versáteis, que interpretam personagens diferentes em cada lugar que vão. Para cada ocasião, uma máscara.

Um exemplo claro de atores se encontra no Novo Testamento, mais especificamente no livro de Atos. A ocasião: igreja primitiva. A época: meados do 1º século. Os papéis: Uma família de crentes dedicados à obra. Os atores: Ananias e Safira.

Esse casal queria parecer, e não ser. Pensaram que, na igreja, poderiam se passar por crentes de fé que venderam sua propriedade para ofertar na obra. De fato, venderam a propriedade, mas lhes faltou a fé que fingiram ter. Ao venderem a propriedade, disseram na igreja um valor diferente do preço pelo qual a propriedade fora vendida. Retiveram um valor, mas não disseram. Talvez como “segurança”, caso esse “negócio” de igreja desse errado.

Pobre casal. Cada um recebeu sua repreensão. Ao homem foi falado: “Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.4) Já à mulher foi dito: “Por que entraste em acordo para tentar o Espírito do Senhor?” (At 5.9)

Quantos Ananias e quantas Safiras há infiltrados na igreja? Quantos trazendo uma máscara de consagração, mas no íntimo guardando pecados ocultos? Quantos dando em dízimo menos do que deveriam? Quantos cantando a Deus Lhe dizendo que entregam suas vidas por completo, mas retendo algumas áreas para que Deus não mexa?

A disciplina de Ananias e Safira foi imediata. Ambos morreram e tiveram o seu pecado conhecido de todos. Não temos mais notícia de gente morrendo na igreja porque mentiu, mas, quando estivermos diante de Cristo, Ele tirará todas as máscaras e nos fará ver quem realmente somos.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Alguém diferente, uma linguagem diferente

Esse episódio serve como uma espécie de guia para entender as outras vezes em que Cristo se mostrou com uma visão distinta acerca dos fatos ao seu redor. Jesus vinha de uma sequência de duros discursos contra os escribas e fariseus, quando introduz um assunto também muito difícil não só de eles compreenderem, mas de aceitarem.

A afirmação foi bem direta e confrontadora, fruto de Quem tem autoridade: “Vou retirar-me, e vós me procurareis, mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir.” (Jo 8.21).

Um discurso duro para corações duros. Cristo nunca colocou o homem no centro. Isso é uma prática do próprio homem. Neste episódio, Cristo se coloca no Seu lugar de poder e desvela o estado miserável em que se encontravam aqueles que O escutavam.

Sim, foi uma dura sentença, mas não foi complexa, não foi obscura. O discurso de Cristo é sempre sobre coisas do alto, mas aqueles ouvintes queriam interpretá-Lo como se Ele falasse das coisas terrenas. Os judeus se perguntavam se Ele estava querendo dizer que ia suicidar-Se, ao dizer que eles não poderiam ir para o mesmo lugar dEle. Triste engano de mentes obscurecidas por uma visão puramente material da realidade. Não conseguiam entender a profundidade do discurso do Mestre.

Cristo, então, explica o porquê de eles não O entenderem. E é aqui onde se encontra a chave, como já foi falado, para entender essa visão diferente de Jesus. “Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou.” (Jo 8.23).

Uma mente voltada para baixo, isto é, para o mundo, não pode entender o que acontece lá em cima, nas regiões celestes. Não se poderá entender os desígnios de Deus se a mente do homem estiver voltada a entender, a agradar e a lutar pelos desígnios do próprio homem. E, caso esses homens a quem Cristo falava não cressem que Ele era o EU SOU, morreriam nos seus pecados, sem entender a esfera espiritual.

Os judeus lhe perguntam “Quem és tu?”, procurando saber com que autoridade Cristo falava aquilo. E Jesus afirma que veio do Pai e que teria muito mais coisas para dizer e para julgar, mas que veio falar apenas aquelas que o Pai havia Lhe dito. Em outras palavras, Cristo veio com um discurso celestial falar a homens com mentes céticas e materialistas. O resultado disso?

“Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai” (Jo 8.27)

Então, depois de lhes explicar que não vinha de Si mesmo, mas do Pai, fazendo sempre o que agradava Àquele que O enviara, muitos creram nEle. A esses, Cristo falou que, se eles permanecessem na Sua palavra, verdadeiramente seriam Seus discípulos. E ainda lhes falou:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8.32)

Aquelas mentes não podiam entender o que Cristo falava. Aqueles judeus pensavam que Jesus estava falando da escravidão que eles conheciam. Mas Jesus se referia à libertação de uma escravidão muito mais profunda e dolorosa, a escravidão do pecado. Mas, dessa escravidão, o Filho podia libertá-Los. (Jo 8.36)

Cristo fala que eles procuravam matá-lo pelo fato de Sua palavra não permanecer nos seus corações. E, então, lhes explica o porquê de não entenderem Suas palavras.

“Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.” (Jo 8.43)

Sem ouvir a Palavra de Cristo, sem dar ouvidos ao que Ele nos quer dizer através de Sua Escritura, não se poderá compreender a Sua linguagem. Ela será inacessível, será incompreensível aos ouvidos humanos. Dessa forma, veremos apenas essa mera realidade material diante de nós. O que Cristo ensinou vira apenas um mero exemplo de uma vida incapaz de ser imitada. O Mestre vira apenas um sábio, um libertador, um filósofo, um sociólogo. Com lentes materiais, Ele será apenas isso mesmo.

Porém, com lentes espirituais, as lentes com as quais Ele percebia a realidade, não perguntaremos como os judeus “Quem és tu?”, mas O reconhecemos como o Senhor de nossas vidas, digno da nossa obediência, honra e louvor, em todos os momentos, para a Sua glória somente.

Em Cristo,

Felipe Prestes

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Amor, que Grande amor!

casamento15

Ontem, dia 05 de Agosto de 2009, foi um dia muito especial. Minha esposa Sanábia Pinho Nunes Aguiar completou mais um ano de vida. Sairei um pouco da proposta desse blog, pois quero expressar todo o meu amor por ela aqui.

Conhecemos-nos de forma inesperada para mim, mas muito bem planejada por ela (quem nos conhece sabe o que eu falo). A sensação que eu senti após nosso primeiro encontro foi de desesperança, eu pensei “Como uma mulher linda e inteligente como essa iria querer algo com um garoto como eu?”.

Nossa amizade, porém, foi se desenvolvendo, e eu, cada vez mais, fui descobrindo que mulher especial ela era, e é. Inteligente, bonita, dedicada, educada, cheirosa...Tudo isso pode descrever apenas superficialmente suas qualidades, pois não tenho palavras para elogiá-la suficientemente.

Agradeço demais a Deus a mulher que ele me deu. Ele prova o imenso amor que tem por mim dando-me tamanha graça de ter uma esposa como Sanábia. Temos quase dois anos de casados e só tenho boas expectativas de conhecê-la mais e mais, pois sei que há ainda muito que admirá-la.

Sei que ela lerá então quero dizer diretamente a ela...

Meu amor, obrigado por ser minha esposa, por me fazer feliz, por ser uma excelente auxiliadora, por me suportar, por estar comigo nos momentos difíceis, por cuidar tão bem de mim quando estou doente, por ser tão carinhosa, por ser tão dedicada, por ser muito mais do que eu mereceria. Espero te conhecer mais para entender como te fazer feliz. Você é o maior presente que Deus me deu, depois da Salvação. Você é a pessoa mais importante da minha vida. Ah como eu queria que todas as pessoas do mundo acessassem este blog para ver essa frase que brota sincera do meu coração: Eu te amo muito!!!”

Do seu,

Antônio Medeiros Aguiar Neto

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Jesus e o pão da vida


Ao fazer a multiplicação dos pães, o Senhor Jesus se viu ainda mais procurado do que o normal. Naturalmente, a multidão que O seguia haveria de aumentar depois de ter visto tamanho milagre com um número tão grande de beneficiados diretos (cerca de quinze mil pessoas).

Diante desse grande interesse de tantos em busca de Cristo, o Salvador sabia que muitos ali, a maioria na verdade, estava em busca não de algo espiritual, não de segui-lo verdadeiramente, mas com o único interesse em se beneficiar fisicamente de seus milagres, quer para serem curados, quer para serem alimentados. Jesus sabia o quanto o material tem importância para o ser humano e sabia também da nossa facilidade em colocar as coisas da carne superiores às coisas do espírito.

Nesse pano de fundo, a multidão chegou a Cristo, pois O havia procurado do outro lado do mar, mas não O havia encontrado. Tendo atravessado o mar e chegado a Cafarnaum, encontraram o Mestre. Vendo Jesus a disposição do coração deles, respondeu-lhes:

“Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.” (Jo 6.26)

Dessa forma, Cristo anuncia o início da sua mudança do foco material para o espiritual. Inicia isso mostrando que sabia o interesse puramente material daqueles que O buscavam naquele momento.

Então, continua: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo.” (Jo 6.27)

Cristo mantém o paralelo entre o espiritual e o material. Agora, ele sai da questão do interesse e passa para o tema do esforço. O trabalho do homem é para o seu sustento. Sem o seu sustento, o homem morre de fome, de necessidade. O homem trabalha para obter esse alimento físico. Cristo está dizendo que o esforço do homem para obtenção do alimento espiritual deve ser maior do que o esforço para obtenção do sustento físico. Afinal, o alimento acaba, perece. Já o alimento espiritual dura para a vida eterna.

Os judeus pedem a Cristo sinais para que cressem nEle, dizendo que os seus pais viram o maná, o pão do céu, descer para que se alimentassem. Cristo usa isso a seu favor, dizendo que o verdadeiro pão do céu não era o maná. Este era uma tipificação do pão da vida que haveria de vir, que daria vida ao mundo (Jo 6.33). Ainda sem entenderem do que Jesus falava exatamente, os judeus Lhe pedem que lhes deem sempre desse pão.

Com isso, Cristo se revela afirmando categoricamente quem é esse pão de que fala: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.” (Jo 6.35)

Ainda sem entender (ou sem querer entender) o que Jesus dizia, os judeus murmuravam entre si, questionando como poderia Jesus ter descido do céu se eles conheciam Seu pai e Sua mãe. Cristo desceu do céu no sentido de ter sido enviado por Deus para cumprir Sua missão, mas os judeus se recusavam a entender tão simples metáfora.

Cristo parece mostrar o motivo pelo qual eles não entendiam tudo aquilo. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44a). E, depois, insiste no paralelo espiritual/material ao dizer que dos judeus: “Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu para que todo o que dele comer não pereça.” (Jo 6.49,50). E, para não restar dúvidas do que estava dizendo, diz que “e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (Jo 6.51b).

Mas os judeus, com o foco unicamente material, insistem em não compreender e se perguntam: “Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne?” (Jo 6.52). A questão não é a falta de inteligência para entender um discurso tão simples, mas a falta de um discernimento, de uma visão espiritual acerca do que Jesus está falando. Afinal, são asseverações claras como “a minha carne é a verdadeira comida, e o meu sangue é a verdadeira bebida” (Jo 6.55) que aqueles homens não conseguem compreender.

Cristo, com sua total visão espiritual, mais uma vez não foi compreendido por se referir a coisas eternas, enquanto os outros olham para as coisas da terra. “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63). Depois de duras palavras, Cristo diz o que realmente importa, o espírito, tirando de muitos dos que escutavam a expectativa da busca por algo material. Frustrados, “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.” (Jo 6.66)

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A mulher de Samaria e a água viva


Quem é maior: Deus ou os preconceitos? A província de Samaria era evitada pelos judeus. O povo samaritano era estigmatizado com hostilidade pelo povo hebreu. Mesmo assim, Jesus parece quebrar paradigmas neste episódio. Ao ver uma mulher samaritana tirar água, diz-lhe “Dá-me de beber.” (Jo 4.7). As mulheres já eram um grupo ao qual os homens não se dirigiam normalmente. Sendo Jesus judeu, e a mulher, samaritana, tornava o encontro ainda mais chocante para a sociedade da época. A mulher sente rapidamente essa diferença e pergunta: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” (Jo 4.9).

A mulher, obviamente, está vendo aos olhos humanos. Quem ela vê, em sua mente, é apenas um judeu desavisado das leis e costumes de seu povo. Cristo percebe isso e responde frisando a ignorância da mulher. “Se conheceras o dom de Deus em que é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (Jo 4.10).

Com isso, Jesus traz à tona as diferentes perspectivas presentes no diálogo. Ele conhece a mulher muito bem, o que se mostrará mais adiante. Mas a mulher não sabe quem Ele é, não entende ainda o poder que tem aquele “simples” judeu diante dela. Se soubesse, seria ela, e não Cristo, que solicitaria água.

Ainda em sua ignorância, a samaritana vê Jesus sem instrumentação nenhuma para tirar água e diz que ele não tem como pegar água daquele poço, mas pergunta onde há a água viva de que Cristo falou. Parece, inclusive, ironizar ao perguntar se Cristo era maior do que Jacó, aquele que havia dado o poço.

Jesus parece ignorar por um momento a falsa percepção da mulher, sem se remeter ao que ela falara, e simplesmente responde dizendo que quem bebesse da água da qual Ele havia falado jamais teria sede novamente. Ele explica melhor que a água que Ele desse seria uma fonte a jorrar para a vida eterna. Assim, Cristo vai dando pistas de sua peculiaridade à mulher, que logo se interessa pela tão valorosa água, mas ainda apenas pelo aspecto humano. Ela não quer mais precisar buscar água naquele poço, não quer mais ter essa sede física que a fazia ir ao poço sempre.

O Mestre, então, manda a mulher chamar seu marido, ao que ela responde não ter. Então, Cristo mostra saber da sua vida, ao lhe dizer que ela já tinha tido cinco maridos e que, naquele momento específico, vivia de forma escandalosa com um homem que não era seu marido.

A mulher entende que Jesus é um profeta. Ela fala sobre a adoração do templo e no monte, e Cristo lhe fala que adoração seria não mais em lugares específicos, mas em espírito e em verdade. E o interessante é ver que a mulher tinha a expectativa do Messias, que anunciaria todas as coisas.

Com isso, o Senhor Jesus, como em um ápice de seu revelar-se a mulher, afirma “Eu o sou, eu que falo contigo.” (Jo 4.26). Ele, assim, se afirma como o Cristo, o Ungido de Deus, do Qual as Escrituras falavam. Os discípulos chegam, estranham Jesus falando com uma mulher, mas não falam nada. A mulher, por sua vez, parece ter, depois de Jesus ter-se deixado conhecer, entendido verdadeiramente quem Ele era. E, assim, não ficou parada, mas em um belo exemplo de evangelismo, sai à cidade chamando pessoas para verem o que ela tinha visto, o que levaria a muitos dos que foram ter com Jesus crerem nEle.

Nesse episódio, mais uma vez o Senhor Jesus mostra a Sua perspectiva diferente. Desde o início, ao falar com a mulher, apesar do mesmo diálogo, estão tratando de coisas diferentes. A água do poço é apenas um ponto de contato para algo bem maior e mais profundo do que um simples matar a sede física. Cristo falava da água da vida, isto é, Ele próprio, capaz de vivificar para sempre os que a Ele se achegassem. A mulher não consegue entender o sentido do que Jesus fala até o momento em que Ele se auto afirma ser o Cristo, o Messias prometido por Deus. A nova visão da mulher a leva a entender a seriedade e a importância do que ela havia acabado de ver, o que a faz imediatamente levar a outros as boas novas de Alguém que a ela havia se revelado, o próprio Ungido de Deus tão esperado.

Em Cristo,

Felipe Prestes