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segunda-feira, 29 de junho de 2009

Inteiro agrado

“a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus” (Cl 1.10)

Do começo ao fim da nossa vida, todos nós vivemos para agradar alguém. Além de agradar a nós mesmos, um instinto natural, buscamos sempre agradar a outras pessoas. Naturalmente, buscamos fazer bem àqueles que nos fazem bem, como espécie de retribuição pelo que nos fizeram.

Obviamente, alguns percalços surgem pelo caminho para que essa vontade se concretize. Quando, por exemplo, agradar alguém significa desagradar a nós mesmos, pensamos duas, três, quatro vezes antes de agradar aquela pessoa com o que nos incomodará.

Podemos também viver em função de alguém para agradá-la em todas as situações. Para tal fim, seria necessário um conhecimento profundo daquele a quem pretendemos fazer bem. Seria necessária uma convivência para entender exatamente os seus gostos mais detalhados.

Lendo Colossenses, essa meditação me veio à mente. O quanto procuramos agradar a Deus? Ele que merece todo o nosso agrado, todo o nosso serviço, toda a nossa adoração. Ele nos vê em todos os momentos e se preocupa em fazer o melhor para Seus filhos sempre. Como temos reagido a todo esse cuidado do Senhor da Glória pelo nosso bem?

A oração de Paulo é para que os irmãos transbordem em pleno conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e entendimento espiritual (Cl 1.9). Isso para que eles vivessem para o inteiro agrado de Deus. Assim, o apóstolo nos ensina que viver para agradar ao Senhor em tudo envolve conhecimento dos interesses daquEle a Quem devemos agradar. Envolve frutificar em boas ações e conhecê-Lo mais e mais.

São muitas ações durante a nossa vida. Antes da maioria delas, não pensamos e meditamos seriamente a respeito. Simplesmente fazemos. Então, como agradar a Deus em todo o tempo? Creio que, se a nossa mente for voltada para a Sua Palavra, a Sua Obra e a Sua vontade em todos os momentos, colocaremos, de fato, Cristo em primeiro lugar. E, assim, somente assim, viveremos para o Seu inteiro agrado. Caso o contrário, viveremos como todos os outros homens, isto é, para o agrado de nós mesmos, tornando-nos os deuses de nossas vidas.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A [boa] notícia de uma morte


A morte de Michael Jackson está tendo uma enorme repercussão na mídia mundial. Todos os canais estão noticiando os detalhes da vida e da morte do “Rei do Pop”. Daí surge-se uma pergunta: Por que a morte deste artista causa tamanha repercussão, e a morte trágica de um trabalhador soterrado em um poço aqui em minha cidade é tão rapidamente esquecida?
A resposta é obvia. A repercussão de uma morte depende da vida de quem morreu. Michael Jackson era um super astro da música e do mercado áudio-visual. Como tenho visto na TV, ninguém acrescentou mais a este mercado nos EUA do que ele. Mas e aquele trabalhador, o que ele fez tão importante?
Não acho que Michael Jackson teve uma vida exemplar, mas impactante todos têm que concordar. Não somente ele, mas muitas outras personalidades que, quando morrem, pela pessoa que foram, pelo impacto que causaram, por aquilo que representaram causam uma repercussão fora do normal.
Porém, essa morte repercute carregada de tristeza. Artistas como John Lennon, Elvis Presley e Bob Marley foram idolatrados, endeusados, chamados “reis”, mas morreram, foram sepultados... e lá ficaram. Aos seus admiradores só restou lembrança, tristeza, saudade e dor...
Houve outra personalidade, alguém que quebrou paradigmas, que esteve muito além de sua época, mas nunca apareceu na TV, nunca teve um vídeo publicado no youtube, e, interessantemente, não teve uma legião de fãs. Ele foi, ao mesmo tempo, muito mais impactante que Michael Jackson e tão ou menos desconhecido que aquele trabalhador. Todavia, a sua morte repercute até hoje, quase 2.000 anos depois.
Podem esperar, daqui a alguns dias os jornais esquecerão a notícia da morte de Michael. Isso porque, enquanto a repercussão da morte depende da vida de quem morreu, a lembrança da morte depende do impacto que ela causou em quem ficou. E quem gosta de lembrar uma morte? Quando lembrarem desse artista, lembrar-se-ão de seus discos, músicas e etc... mas de sua morte, quem vai querer lembrar?
Porém a morte dessa outra personalidade é lembrada constantemente. Dias depois de sua morte, seus seguidores a lembravam com uma festa! Além disso, eles a divulgavam como se fosse o acontecimento mais importante de todos os tempos. E eles estavam certos, a morte desse homem foi o acontecimento mais marcante de toda a história da humanidade!
Esta personalidade é Jesus Cristo. Os fãs de Michael Jackson estão arrasados, sem consolo. Ele estava prestes a fazer uma série de shows, e aqueles que já haviam comprado os bilhetes para assisti-lo estão nesse momento sem nenhuma esperança de ver o seu ídolo mais uma vez. Mas a morte de Jesus é diferente, é a nossa alegria e vitória. Lembramos dela como um ritual. Falamos dela todos os domingos. Agradecemos por ela todos os dias de nossas vidas. Além disso, Jesus morreu, mas não ficou sepultado. Ele ressuscitou!!! E ele prometeu voltar! Que glória! Que maravilha! Um dia iremos vê-lo.
Os jornais estampam a morte desse artista tão famoso como uma má notícia, um acontecimento triste. Mas olhem como um seguidor de Jesus divulga a notícia de sua morte: “venho lembrar-vos o evangelho [boa notícia] que vos anunciei, [...]: Cristo morreu pelos nossos pecados, [...], foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia...” 1 Cor 15.1,3. Ele lembra, ele anuncia, ele chama de boa notícia!!!
Graças a Deus, que nos chamou pela sua graça a conhecermos essa notícia tão maravilhosa, que nos enche de júbilo e esperança. Enquanto muitos choram a perda de seu “rei”, nós, pela pura graça de Deus, temos uma viva esperança de que o nosso Rei vive, reina e voltará.

Em que direção vão os nossos sonhos?

“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Ef 3.20)

Todos nós temos sonhos. Alguns vivem não só por eles, mas vivem neles. A esses, chamamos de sonhadores, de idealistas. Há outros que não se importam com os sonhos. Para esses, há apenas algumas realizações “conquistáveis” pelas quais lutam, mas nada além da medida do possível. Esses são chamados de “pé no chão”, realistas, entre outros adjetivos.

Mas creio que sempre estamos pensando nas coisas como elas poderiam ser. E temos criatividade para isso. Muitas vezes, não sabemos os meios pelos quais mudar uma situação, mas sabemos qual seria a situação ideal com os mínimos detalhes.

O nosso problema é que somos humanos e, portanto, limitados. Seguimos uma lógica de pensamento que só vai até o fim da nossa mente. Os nossos sonhos, por mais colossais que possam ser, estão dentro da esfera do realizável, dentro do que a nossa mente considera como possível. Essa esfera é feita de limites das leis naturais, das leis financeiras e outras leis que pensamos reger o mundo.

No entanto, o Senhor a quem servimos não trabalha com esses limites. E é desse não ter limites que Paulo está falando aos efésios. O apóstolo se põe de joelhos diante do Pai para que os irmãos sejam tomados de toda a plenitude de Deus. Paulo tinha um sonho pelo qual orava e trabalhava. E esse sonho era que aqueles irmãos tivessem um crescimento extraordinário na vida espiritual.

Temos criatividade para sonhar e pensar no que faríamos se ganhássemos muito dinheiro, por exemplo. Imaginamos até detalhes como qual seria a cor do nosso carro, quantos quartos teriam a nossa casa e qual seria o tamanho da nossa televisão. Mas será que sonhamos com uma vida de mais sabedoria? Ou o quanto poderíamos agradar mais a Deus? Ou até o quanto poderíamos servir mais a Ele?

O nosso esforço é geralmente do tamanho do nosso ideal. Quanta diligência temos aplicado para ter uma vida mais consagrada? Se quisermos, temos um Deus poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos. A questão é: será que queremos mesmo?

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Jeito para a morte?


“Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1 Co 15.55)

Eu tenho um sério problema com máximas populares. Essas máximas expressam uma “sabedoria” popular que, na maioria das vezes, não é nem um pouco sábia. Uma que muito me incomoda é o velho dito: “Tem jeito pra tudo, menos pra morte.”

Sempre que falam essa frase, eu me pego a refletir sobre a veracidade dela. Obviamente, quando se diz algo desse tipo, fala-se da inevitabilidade da morte. Todos os homens são mortais, e ninguém escapa disso. Porém, me pego nas exceções, como o caso de Enoque, que não viu a morte, tendo sido trasladado ao céu, semelhante ao que aconteceu com Elias. No caso deles, teve caso para a morte, sim.

Ainda há outra refutação do dito acima que é o fato de que nem todos morrerão. Quando houver o arrebatamento, os que estiverem aqui na Terra e forem crentes no Senhor Jesus serão levados diretamente a Ele nos céus. Esses também não verão a morte.

Alguém poderia dizer que eu me prendo muito a detalhes, mas creio que, se há uma exceção, é porque a máxima é falsa, o que me faz não concordar com ela. Mas há um sentido ainda muito mais profundo em que, definitivamente, o ditado de não ter jeito para a morte é totalmente falso.

A Bíblia fala que a morte é o salário do pecado. Se todos os homens são pecadores, todos vão morrer, e até aí o ditado está certo. Porém, como disse, há um sentido mais profundo para a morte. Na verdade, as Escrituras falam de duas mortes. A primeira se trata da morte física, da qual quase todos (salvas as exceções citadas acima) não serão livrados. Mas há também uma segunda morte, que é o sofrimento eterno no lago de fogo e enxofre (Ap 21.8), reservado aos que não entregaram suas vidas a Cristo. De fato, para esses, não tem jeito, a morte é certa em todos os sentidos.

Por outro lado, há um livramento da morte, sim. Quando Cristo veio a Terra, sendo Ele perfeitamente santo, não precisava pagar o salário do pecado, mas pagou, morrendo por aqueles que se achegariam até Ele. Para esses, há jeito para a morte, pois eles viverão eternamente.

Portanto, se um dia nos entregamos a Cristo, devemos viver à luz da vida eterna que já herdamos nEle. A morte física, se passarmos por ela, será apenas uma passagem para o encontro com o Pai. Então, por que dar tanto valor à vida presente, como se ela fosse a única que tivéssemos? Por que tanto esforço para uma qualidade de vida aqui, se a vida lá é que importa? Não estou dizendo que todos devem virar monges e não mais buscar o mínimo de conforto por aqui. Mas será que é só esse mínimo que estamos buscando?

A morte já foi vencida, mas será que aconteceu o mesmo com o nosso ego?

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Cristianismo materialista


Existe uma corrente filosófica chamada materialismo. Segundo os que creem nessa filosofia, o mundo nada mais é do que simplesmente esse que podemos ver e tocar. Nada mais existe do que isso. Qualquer crença em qualquer outra realidade sobrenatural teria sido criada pelo homem para benefício próprio. Assim, a religião seria o ópio do povo, como disse Karl Marx, um dos maiores proponentes dessa visão de mundo. Com isso, ele quer dizer que a crença no sobrenatural é apenas um entorpecente para o homem que não aguenta a dura realidade existente.

Sabemos que isso não é mais do que fruto da cegueira espiritual de um homem caído que não consegue deparar-se com a beleza da esfera espiritual que Deus abre àqueles que O buscam. Sabemos que Deus disse que existe um lugar de felicidade eterna para onde irão os que a Ele se entregaram e se submeteram. Sabemos também que há um lugar de condenação eterna, onde estarão os que não se renderam aos pés do Salvador. Sim, sabemos e temos a teoria na ponta da língua.

No entanto, mesmo tendo isso tão claro em nossa mente, parece que há momentos de nossa vida em que repentinamente viramos materialistas. Nesses momentos que o tamanho das nossas finanças é proporcional ao tamanho da nossa espiritualidade. Nesses momentos em que o ir bem das circunstâncias ditam o ir bem da nossa santidade. Nesses momentos em que a nossa vontade tem que ser a vontade de Deus. Nesses momentos, o espiritual parece não existir, e o que se vê é o que importa.

Sim, nesses momentos, concordamos com Marx. O nosso crer se torna uma mera bengala na qual nos apoiamos. A nossa igreja passa a ser um mero ponto de encontro com pessoas perto das quais nos sentimos à vontade. A adoração vira simplesmente um sentir-se bem consigo mesmo.

Só quando sairmos do centro e colocarmos a Deus no lugar que Lhe é devido, quando os nossos interesses deixarem de ser a prioridade, quando morrermos para nós mesmos tomando a nossa cruz; somente aí estaremos exercendo o cristianismo bíblico. Caso contrário, seremos apenas materialistas carregando um rótulo de cristãos.

“Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes.” (Lc 12.23)

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Os de fato quantos são?

“Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo.” (Gl 1.10)

Existe um termo muito utilizado hoje que se chama “político”. Além das conotações pejorativas que esse termo tomou diante de infindáveis escândalos envolvendo os que seguem essa profissão, há também um outro sentido. Diz-se que alguém é político quando se consegue agradar duas partes, como dizem por aí, gregos e troianos. Enfim, é aquele que tenta agradar o maior número de pessoas. Agradar é a palavra final. Pelo menos assim tem sido para muitos.

O problema é que isso tem acontecido em muitas igrejas. Ligo a TV e vejo pastores políticos pregando um evangelho político. Um evangelho para agradar o público. Fico impressionado com a multidão evangélica que só vem aumentando com os anos. Igrejas e mais igrejas surgem e crescem a cada dia. Os bancos de muitas vão lotando. Novas sedes são criadas.

Vejo um evangelho das massas. Um evangelho sem cruz, sem renúncia, sem abnegação. Pregações sem pecado, sem arrependimento, sem confrontação. Igrejas sem disciplina, sem acompanhamento, sem discipulado. Crentes sem Bíblia, sem sabedoria, sem consagração.

Vejo um evangelho de vitória, cura e libertação. Pregações de auto-ajuda, de prosperidade, de encorajamento. Igrejas com milhares, com famosos, com alta transmissão. Crentes de auto-estima, amor próprio e auto-afirmação.

Vejo muitos sendo chamados e muitos mais ainda sendo “escolhidos”. Vejo um “quem quiser vir após mim ‘afirme-se’ a si mesmo”. Vejo uma larga porta e um espaçoso caminho levando para a “salvação”.

São tantos evangélicos, tantas denominações, tanta gospelização. Tantas mãos levantadas, mas os de fato, quantos são?

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Prosperidade sem dinheiro?


Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. (3 Jo 2)

Não pude deixar de notar, ao ler essa curta epístola de João, a visão espiritual do discípulo amado de Cristo. João diz que faz votos pela prosperidade e saúde de Gaio. O interessante é notar a separação que ele faz entre bem estar material e físico daquele irmão e a prosperidade da sua alma.

Fiquei a me perguntar o que seria uma alma próspera. A nossa noção de prosperidade é sempre ligada a bênçãos materiais. Prosperar quer sempre dizer mais dinheiro, mais investimentos, mais lucros. Mas não é essa a visão que o apóstolo amado nos dá.

Ele está feliz pelo fato de Gaio andar na verdade. A prosperidade da alma daquele servo de Deus está intimamente ligada ao fato de ele andar na verdade, o que nada mais é do que seguir nos mandamentos de Deus.

Será que desejamos a prosperidade de nossa alma tanto quanto queremos que nossas finanças cresçam? Será que desejamos que a nossa espiritualidade se multiplique assim como almejamos que nossos lucros sejam estratosféricos? Será que ansiamos por crescer mais um degrau em maturidade espiritual tanto quanto aspiramos por uma promoção no trabalho? Ou será que temos mais medo de um saldo devedor no banco do que de uma separação da comunhão com Deus por conta de um pecado não confessado?

Nossa alma prosperará à medida que os nossos esforços sejam voltados a fazer crescer aquilo que, realmente, tem valor diante de Deus, a saber, santidade, maturidade, amor, entre outras virtudes que, na eternidade, farão diferença.

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Confiança


“o que profere mentiras não permanecerá ante os meus olhos.” (Sl 101.7b)

A mentira corroi as relações. Não consigo achar forma mais simples de descrever o mal que a mentira pode causar. Pecar contra Deus, por exemplo, é mentir contra o Senhor a Quem prometemos fidelidade, o que causará uma fissura na ligação que temos com Ele.

Falsear a verdade mexe com o que deve ser a base de toda relação, a confiança. Sem ela, parece haver uma pedra que para a engrenagem de um relacionamento. E a desconfiança vai fazendo crescer a fissura que foi causada com a primeira mentira. O resultado disso são mais mentiras, muitas dessas usadas com “a melhor das intenções” para tentar reparar danos que seriam causados pela “tão dura verdade”.

No Salmo citado acima, Davi fala o que ele, como rei, desejava fazer para tornar o seu reinado o mais próximo do que Deus queria. Davi sabia o que os mentirosos podiam causar de prejuízo à sua regência.

Com isso, creio que o nosso esforço deve ser para firmar e afirmar sempre a verdade em todas as relações. Que seja assim desde meras transações comerciais, como a devolução de 5 centavos de troco errado, até as relações conjugais. Dessa forma, ao invés de fissuras, teremos mais e mais colunas reforçando a ponte que liga dois indivíduos.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Infinito prazo

“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo devaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós.” (Ec 1.9,10)

Hoje, enquanto almoçava, fui obrigado a escutar a conversa de uma roda de universitários. Entre tantas coisas que eles estavam discutindo, desde os sistemas econômicos até os meandros da crise social, percebi algo que me chamou atenção. Todos eles pareciam trazer uma solução nova para o problema da sociedade. Cada um levantava uma bandeira ideológica de algum desses “ilustres”: Karl Marx, Nietzche, entre outros.

Quando vejo discussões assim, surpreendo-me com a forma com que muitos olham para problemas altamente complexos da sociedade, muitos deles milenares, e se colocam em uma posição como se pudessem resolvê-los com uma filosofia criada por um homem que, na maioria das vezes, não viveu nem metade, senão nada, do que ensinou.

Nessas horas, os versículos de Eclesiastes ecoam na minha mente. Não há nada novo. Talvez os “ilustres” tiveram também suas rodas de amigos com os quais conversavam sobre os problemas que teriam que resolver. E o final da história é óbvio. Eles não viveram para ver o problema sendo resolvido.

Houve uma frase simbólica da conversa que escutei. “Não importa o quanto alguém seja empolgado [com a ideologia], ele tem que aprender a se contentar com resultados a longo prazo.” E eu imaginei: que longo prazo esse! Na verdade, infinito prazo. Pobre deles, se continuarem assim, morrerão acreditando numa mentira.

O fato é que todos os problemas desse mundo vêm de um só motivo: o pecado do homem. A partir do momento em que esse grande mal entrou no mundo, entraram, assim, a mentira, a omissão, a violência, a impureza, a inveja, entre tantos outros pecados. Não se precisa de muito para ver que essas mazelas são fonte dos problemas sociais que temos hoje. Ou seja, não importa quantos sociólogos, fisósofos, linguistas, historiadores apareçam com soluções geniais para os problemas sociais. O mundo não se resolverá, pois ele é habitado por bilhões de homens pecadores que, na verdade, não querem resolver o problema essencial dentro deles: o próprio pecado.

Essa é a ótica que o livro de Eclesiastes nos dá. Se não percebermos que só há esperança em Deus, ficaremos presos, esperando, em vão, que alguém apareça com uma super ideia para resolver o que está errado no mundo. Sem o Senhor, chegaremos à mesma conclusão de Salomão: “Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento.” (Ec 1.14)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Compras

Imagine-se num shopping center com um cartão para gastar o quanto quisesse em um tempo limitado. Naturalmente, você compraria aquilo que acharia mais importante. Os atletas correriam para as lojas de artigos esportivos. Os high techs correriam para as lojas de informática. As antenadas na moda iriam direto para as lojas de roupa onde as peças, pelo preço, parecem ser feitas de algum metal precioso.

É fato. Compramos aquilo que nos importa. Juntamos nosso dinheiro, olhamos na vitrine e escolhemos, não necessariamente nessa ordem. Mas, se houvesse uma loja, no mesmo shopping, com coisas do tipo: santidade, amor ao próximo, paz em Cristo, boas obras; será que que iríamos a essa loja com o mesmo vigor e empolgação que iríamos às outras?

A questão é: importamo-nos com aquilo que Deus valoriza? A nossa resposta imediata seria um sim categórico. Quem diria não a uma pergunta como essa?

No entanto, parece que nos falta muito para nos importar o tanto quanto deveríamos com aquilo que o Senhor aprecia. A prova disso é que o que Deus dá valor geralmente não requer o nosso dinheiro. Uma vida de santidade, por exemplo, não é comprada por R$ 500,00. Não pagamos a Deus R$ 50,00 por hora de comunhão com Ele. E não se adquire boas obras por R$ 30,00 cada.

Não. Tudo isso está ao nosso dispor gratuitamente. Temo pensar que talvez por esse motivo não damos o valor devido. Talvez porque não fomos nós que pagamos a conta, mas o Senhor Jesus com Sua própria vida, ao derramar Seu valioso sangue na cruz.

Só quando tivermos olhos espirituais para perceber esse mundo pela ótica do Deus da Glória, só nesse momento daremos valor ao que, de fato, é valoroso.

“Compra a verdade e não a vendas; compra a sabedoria, a instrução e o entendimento.” (Pv 23.23)

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Oops

Errar é humano. Acho que, se alguém fizesse uma estatística das frases mais usadas de toda a história, essa estaria entre as primeiras. O erro é comum. Para os perfeccionistas, ele é um motivo para perder o sono. Para os otimistas, é uma oportunidade de aprender. Para os errantes, é só mais uma ação na sequência.

Sim, há várias formas de lidar com as falhas. E o interessante é notar que, desde a primeira delas, o homem quis eximir-se, culpando Deus e a mulher, retirando de si a responsabilidade pelo ocorrido. De fato, é difícil admitir que erramos. Temos uma predisposição a achar que o que faremos vai dar certo. Afinal, ninguém planeja o seu próprio fracasso.

Deus, muito mais do que nós, sabe onde, quando e por que erramos. E, para Ele, é muito importante a forma como lidamos com esses tropeços, pois Ele mesmo enviou Seu único Filho para morrer por aqueles cujos pecados levariam à condenação eterna. E, então, ao crermos nEle, todos os nossos erros são apagados.

Porém, continuamos a errar. Sim, podemos nos arrepender e pedir perdão por eles. Assim, limpos de novo, podemos estar confiantes de que não iremos mais para o inferno. Mas há uma sequência muito conhecida nossa chamada “causa e efeito”. Tudo o que fazemos aqui tem suas implicações, inclusive nossos erros. E uma das decorrências do erro é a repreensão.

A questão é: sabemos lidar com ela? Quando alguém aponta um erro nosso, qual a nossa atitude? Fingimo-nos interessados, mas com um coração soberbo que não reconhece de fato que errou ou simplesmente desviamos a culpa para algo ou alguém que nos fez errar?

Deveríamos gostar das repreensões, mas, antes disso, devemos trabalhar o nosso ego e admitir quando erramos. E, então, identificado o culpado, isto é, nós mesmos, devemos agradecer aos que nos repreendem, pois, não fossem eles, continuaríamos seguindo o caminho errado pensando estar certos.

“Mais fundo entra a repreensão no prudente do que cem açoites no insensato.” (Pv 17.10)

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Investimento certo

Hoje usa-se muito a palavra “investimento”. Alguns dizem que não se deve gastar o tempo, mas investi-lo, e esse princípio serve para o dinheiro também. Ouve-se que se deve investir a inteligência em algo que dê algum lucro, investir as habilidades em algo que dê retorno. E, se analisarmos a palavra “investir”, veremos que é uma ação que necessariamente requer algo em troca. Um bom investimento é quando se recebe muito mais do que se investiu. Um mau investimento é quando se recebe o mesmo ou quase o mesmo que se investiu. E prejuízo é quando se investe mais do que se recebe.

Parece que Paulo já tinha essa noção há cerca de dois mil anos. Ao falar aos gálatas, ele, por lidar com pessoas cuja principal atividade era agrícola, usa a palavra “semear”. Mas o sentido é o mesmo.

“Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8)

Todos temos algo a investir. Temos dinheiro, de fato alguns mais do que outros, mas todos temos algum. Temos também tempo, inteligência e disposição. A questão é: onde vamos investir tudo isso? Alguém disse que, ao chegarmos diante do Senhor Jesus, nenhum de nós se arrependerá por ter trabalhado demais para o Seu Reino. Todos nos arrependeremos por momentos em que poderíamos ter-nos esforçado mais, ter pensado mais, ter investido mais.

Pior do que isso será quando nos arrependermos, não por ter usado pouco do que tínhamos, mas por momentos em que usamos aquilo que tínhamos para trabalhar contra o Reino do Senhor. Sim, Ele próprio disse que, com Ele, quem não ajunta espalha. Investir na nossa carne, isto é, naquilo que queremos e que não tem motivação em Cristo, é colher corrupção. É prejuízo na certa.

Contudo, investir no Espírito, ou seja, naquilo que o Senhor se agrada, submetendo tudo o que queremos fazer a Sua vontade, é lucro espiritual. É investir poucos anos (diante da eternidade são muito poucos mesmo) e ganhar a vida eterna. Creio que não há números para expressar a percentagem de tamanho lucro.

O investimento naquilo que é espiritual deve ser uma motivação constante de todo aquele que se diz filho e servo do Deus Eterno.

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ganhar ou perder? Depende. Para quem?

Pare e pense: o que você gostaria de realizar nesse mundo? Muitos pensariam em muito dinheiro, casas enormes e carros ultra luxuosos. Alguns pensariam em todos os títulos acadêmicos que queriam ganhar. E outros talvez pensassem numa satisfação profissional, estabilidade financeira e uma família feliz.

Se formos honestos, admitiremos que muito de nossa vida (senão toda ela) é gasta na luta para alcançar pelo menos uma das realizações acima. E antes que eu receba severas críticas acerca do que escrevi, afirmo que não considero as realizações terrenas nocivas em si mesmas. O problema é que elas tem se tornado alvos que, caso não alcançados, levarão a uma vida de frustração e fracasso.

O que eu queria era apenas mudar o foco delas. Gostaria que elas sempre ficassem em segundo plano na nossa mente. Afinal, um dia estaremos diante do Senhor Jesus. E, nesse dia, uma BMW que vá de 0 a 100 km/h em 5 segundos não valerá nada. Uma casa na frente do mar sofrerá a maior desvalorização imobiliária da história, pois terá o seu valor diminuído em 100%. E um título de doutor não receberá a menor importância, indepente da universidade na qual foi obtido.

Poderíamos alcançar todos os sonhos que esse mundo tem, mas, para Ele, isso não valeria simplesmente nada. “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo interio e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mt 16.26)

De que valerão os ideias que esse mundo impõe? “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras.” (Mt 16.27)

Que obras Cristo valoriza para que possamos ser retribuídos com o que realmente tem valor no céu? O resumo disso é o seguinte: “Quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.” (Mt 16.25)

Salvar a nossa vida nada mais é do que salvar os nossos interesses. E perder a nossa vida é, portanto, largar os nossos interesses. O paralelo está diante de nós. Ganhar para o mundo é igual a perder para Cristo. Ganhar para Cristo é igual a perder para o mundo.

E então, para quem queremos ganhar? Diante de quem queremos ser valorizados? A quem queremos agradar?

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Quando se irar?


“O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado;”
(Na 1.3)

Constantemente somos confrontados com alguma situação que nos incomoda. Algumas incomodam mais a ponto de tirar nossa paciência e simplesmente “acabar com o nosso dia”, como costumamos dizer. Outras, simplesmente aprendemos a acumulá-las, como quando alguém faz algo que nos aborrece, mas não reclamamos. O que fazemos é armazenar essas situações para que, quando alguma discussão vier, essa ferida seja exposta como uma espécie de arma diante daquele que nos aborreceu.

As reações diante de momentos assim são diversas. Alguns gritam, outros esmurram a parede e outros simplesmente choram. Às vezes, é possível disfarçar com um sorriso amarelo, mas outras vezes o nosso semblante denuncia que estamos incomodados com algo.

Ao ler o versículo acima, podemos tomar para nós um exemplo de como lidar com momentos de ira. E a primeira lição é: demore para se irar. Não seja sensível a explodir como um recipiente cheio de nitroglicerina. Se nós, seres pecadores e finitos, vemos constantemente situações que nos aborrecem, imaginem o Santíssimo Senhor, que é confrontado todos os dias com as piores blasfêmias, heresias e pecados. Mas é esse mesmo Deus que demora para se irar, pois, se não fosse assim, certamente já teríamos sido consumidos.

A segunda lição é que, independente da posição que temos na situação, não temos o direito de irar-nos sem motivo. Se Deus, “grande em poder”, demora a irar-se, a nossa posição, seja lá qual for, será infinitamente menor que a dEle.

A terceira lição é que, mesmo diante daquilo que realmente deve nos aborrecer, por exemplo, o pecado dos outros, devemos ter uma atitude de misericórdia para com o pecador (lembrem-se de que amar o pecador é diferente de amar o pecado). O Senhor é justo, “jamais inocenta o culpado”, mas nos dá o exemplo de perdoar aqueles que se arrependem diante dEle.

Então, creio que se há uma lição maior nisso tudo é: o quanto mais pudermos demorar a nos irar, melhor será (até rimou).

Em Cristo,

Felipe Prestes