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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

É hora de crescer!


“Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.” (1 Co 3.1)

Dizem que ser professor é um dom. Sempre que falam das dificuldades da docência, o primeiro problema da lista é a paciência. Muitos dizem que sabem o conteúdo, mas que não conseguem ou não são pacientes o suficiente para ensinar alguém algo novo.

De fato, ensinar requer uma paciência considerável, o que é virtude de poucos. E eu diria que difícil mesmo não é ensinar pela primeira vez. Essa é fácil de conseguir. Difícil mesmo é quando aquele a quem tentamos ensinar precisa não só de uma, mas duas, três ou várias e várias explicações. Mais difícil ainda é, depois de todas as explicações imagináveis acerca do mesmo assunto, ver o aluno cometer o mesmo erro.

Essa parecia ser a situação dos crentes de Corinto. Paulo e os líderes daquela igreja já haviam ensinado aquela igreja por um bom tempo. Aqueles crentes já deviam saber muito sobre a vida cristã. Já deviam ser maduros na fé. Deveriam até já poder dar aulas sobre a doutrina que foi tão ensinada a eles.

Infelizmente, esse não era o caso. Aqueles crentes estavam errando em princípios básicos. Paulo se sentiu como um professor que se vê diante de um aluno numa sala de Ensino Médio, mas que não sabia ler ainda. Grande frustração do apóstolo. Queria falar a homens, viu-se diante de meninos.

Aqueles crentes pararam no tempo. Anos e anos de conversão. Pregações de grandes homens de Deus: Paulo, Apolo, entre outros. Mas eles não cresceram espiritualmente. Continuaram como crianças errantes pelos caminhos.

Que não sejamos como aqueles crentes de Corinto. Que estejamos a crescer na fé que nos foi dada. Que possamos ser homens e mulheres espirituais, e não carnais. Que os assuntos celestiais não sejam estranhos a nós, e sim os temas que mais nos animam. Enfim, que não sejamos retardados espirituais.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sábado, 29 de agosto de 2009

Lobo ou Ovelha?

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Como podemos identificar um lobo em pele de ovelha? Simples. Uma ovelha não devora outra ovelha. Mas um lobo, por mais disfarçado e parecido com uma ovelha, sempre atacará. A sua natureza é mais forte que seu disfarce, ele sempre vai querer devorar o rebanho.

O Senhor Jesus falou que os falsos-profetas se apresentariam como lobos disfarçados de ovelhas. Todavia, neste mundo cinzento, onde tudo é muito relativo, tolerante, está difícil saber quem é quem. Ser evangélico já não significa muito, todo mundo pode ser um pastor, apóstolo, bispo e, pasmem, tem até paipóstolo. Todos são ditos crentes, góspels, evangélicos e servoimages de Deus.

Todavia, por mais “espirituais” que pareçam, a sua natureza os acusam. Assim como um lobo em pele de cordeiro quer o mal das ovelhas, um falso-profeta em pele de profeta deseja “devorar” seu rebanho.

Uma vez ouvi que estes homens pregam um evangelho muito cruel. É uma mensagem constituída de promessas e exigências. Eles prometem riqueza, saúde, prosperidade, tranqüilidade, uma família feliz, uma casa na praia e mais um monte de coisas que todo mundo quer. Mas eles exigem muito também, exigem fé. Para receber as promessas exige-se fé. Assim, se você não receber, é porque não teve fé.

Imagine alguém com câncer. Essa pessoa se dirige a um “bispo” destes e ouve que Deus prometeu vitória sobre aquela doença, que estava determinada a benção, que o inimigo estava amarrado e que ele estava curado. Quantas promessas. Alguns dias depois ele faz um exame e descobre que seu câncer evoluiu a um estado terminal. Ele retorna ao “bispo” e pergunta onde estavam todas aquelas promessas! O bispo responde “Você não teve fé suficiente”. Agora, além de amargar a espera da morte, ele terá que suportar a dor da culpa.

Quantas ovelhas estão buscando a “Glória de Deus”, desejando a “Graça de Deus” e querendo entrar no “Reino de Deus”. Quantos querem provar que Deus é amor e clamar “Senhor, Sara a nossa terra”. Não importa se estarão em um grupo de 12 ou na mira de uma “Bola de Neve”, pobres ovelhas, caminham ao matadouro. Encontrarão heróis que pintam a entrada do inferno com as cores do céu. Um lobo jamais vai querer o bem das ovelhas.

Se Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho é porque o seu Filho é o melhor para o mundo. Deus não amou tanto o mundo que amarrou o diabo. Deus não amou tanto o mundo que nos deu a vitória sobre as doenças. Nada disso! É de Jesus que o mundo precisa. O Reino só será realmente universal, a Glória mundial e a Graça internacional se Cristo for anunciado por todo o mundo.

“Porque não pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor” Apóstolo Paulo

“Im omnibus glorifecetur Deus”

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Limites

Nós, seres humanos, temos um sério problema de querer ser o que não somos. Isso se reflete quando achamos que temos capacidade de fazer qualquer coisa. Mas, quando, por um ou outro motivo, somos impossibilitados de fazer aquilo que achávamos que faríamos, nos frustramos profundamente.

Em momentos assim, vemos nossa pequenez, nossa finitude. Vemos de forma bem clara os nossos limites. Vemo-nos como seres que só podem ir até um certo ponto. Depois dele, não podemos. “Você não pode!” é uma expressão difícil de escutar atualmente, já que as mídias estão por aí divulgando a supervalorização do “eu”.

“Você é importante, potencialize suas capacidades!”, “Você pode mais!”. Essas e outras frases vemos por aí anunciando super-homens e super-mulheres para os quais o céu é o limite.

Mas há aqueles momentos em que as circunstâncias nos traem e que vemos as nossas próprias fronteiras. Nesses momentos, os super-herois veem seus poderes serem ceifados.

Bom mesmo é crer em Deus, o único soberano e onipotente. Ele que é o próprio criador das circunstâncias. Não precisamos lhe dar um prefixo de “super-Deus”. Não. Seu próprio nome já diz quão imponente Ele é. Nas horas em que nossos limites vierem à tona, olhemos para Ele, o Senhor Todo-Poderoso. Para Ele, não existem tarefas inatingíveis, inexequíveis ou inviáveis.

Glórias ao Deus para Quem nada é impossível!

“Eis que eu sou o SENHOR, o Deus de todos os viventes; acaso, haveria coisa demasiadamente maravilhosa para mim?” (Jr 32.37)

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Duas dores, dois senhores


“No caminho de Deus, a dificuldade se torna prazerosa.”
Carlos Bezerra

No decorrer da minha vida cristã, tenho percebido que há dois tipos de dores que podemos sentir. Há uma dor excruciante e profunda. Essa dor consome os nossos pensamentos. Ela vem com pontadas de acusação e nos fere sem dó. Essa é a dor da culpa. Aquela que sentimos quando fizemos algo de errado. Dor que vem junto com vergonha, amargura e angústia. É a dor do pecado.

Há também outro tipo de dor. Essa não tem um limiar menor do que a primeira. Perdão pela redundância, mas essa dor também dói. E dói muito. Porém, diferente da outra, ela não consome, mas constrói. Ela nos fere, sim. Contudo, como um diamante a ser lapidado, cada golpe nos torna mais próximos do projeto final daquEle que nos modela. Chamo a essa de dor da obediência. Com ela vêm transformação, crescimento e intimidade com o Senhor.

Muitos usam o pecado como anestésico para a primeira dor. Quanto mais pecado, mais o coração se torna insensível aos gemidos do Espírito. A dor da culpa deixa de ser dor e o pecador se entorpece com as próprias iniquidades. Amarga ilusão. Um dia Deus o acordará de seu “coma espiritual”, cobrando-lhe a obediência que lhe havia sido exigida.

Para a segunda dor, eu diria que o anestésico vem junto com ela. O prazer da obediência àquEle que nos ama torna aquela dor suportável. Não como um entorpecente que aliena o sofredor, mas como uma dose de nutrientes que nos faz mais fortes. A dor não se faz menor. Nós é que nos tornamos maiores em Cristo.

A vida é feita de escolhas, e essa é uma delas. Não há como fugir. Desobedecer dói, obedecer também dói. A diferença está no resultado final de cada uma delas. E é essa escolha que definirá o que receberemos no final de tudo. Aos desobedientes, dor eterna. Aos obedientes, prazer eterno.

“E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” (Mt 25.30)

“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Ap 21.4)

Em Cristo,

Felipe Prestes

domingo, 23 de agosto de 2009

O Justo pelo injusto…

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Havia uma ilha distante em que todos os seus habitantes viviam em perfeita harmonia. Era um pequeno reino onde ninguém pecava. Todos obedeciam ao rei, que era íntegro, e não havia lei que fosse quebrada.

Um dia, porém, algo inesperado aconteceu. Os secretários vieram ao rei comunicá-lo algo novo e trágico: alguém cometeu um roubo. Toda a população estava chocada, jamais aquilo acontecera antes. Todavia uma das qualidades desse grande governante era a misericórdia, jamais ele precisou utilizá-la, mas fazia parte de sua natureza o ser misericordioso.

Ele convocou toda a população e disse que não haveria punição, mas que, se aquele pecado fosse cometido novamente, o culpado levaria 200 chibatadas nas costas. Isso tranqüilizou a população e todos voltaram para os seus afazeres.

Entretanto, a mesma pessoa cometeu a mesma falha alguns dias depois. Mais uma vez o rei conclamou o povo e agiu novamente com misericórdia, aumentando, porém, as punições ameaçadas para 500.

Quando todos achavam que a situação estava resolvida e a paz reinaria novamente, o pecado foi cometido mais uma vez. Todos estavam enfurecidos, e o rei disposto a agir com justiça. As chibatadas deveriam ser dadas sem misericórdia!

O rei chamou todo o povo e ordenou que o réu fosse apresentado. Quando o culpado foi colocado diante do rei ele deparou-se com uma senhora velhinha, com pele frágil e corpo franzino. Mas a justiça deveria ser feita, a sentença deveria ser executada.

Assim o rei ordenou que amarrassem aquela senhora. Mandou que suas vestes fossem levantadas para suas costas serem expostas às chibatadas. Os guardas, então, foram ordenados a preparar os braços para as 500 chicotadas. Todavia, mais uma ordem foi dada! O rei mandou que eles parassem. Todos ficaram atônitos! O que o rei estava para fazer? A justiça não deveria ser feita?

O rei desceu de seu trono, aproximou-se daquela frágil senhora, retirou suas vestes reais, abraçou a pecadora pelas costas e disse “Podem dar as quinhentas chibatadas”. A justiça foi feita, mas a dor foi sentida no justo.

“...Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos...”     1Pedro 3:18ª

“In omnibus glorifecetur Deus”

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Ainda sobre o desespero


No último post, nosso amigo Neto falou sobre o desespero. Gostaria de continuar a falar sobre o assunto.

Etimologicamente, isto é, tomando a raiz da palavra, pode-se ver que desesperança significa não ter o que esperar. Eu, sinceramente, não consigo imaginar pior sentimento do que esse.

Quando estamos em uma fila, por exemplo. Ninguém gosta delas. Mas, mesmo que demore muito, o consolo que temos é que, apesar de todo aquele tempo, em um momento chegará a nossa vez. Esperamos por algo real, concreto, que sabemos que irá acontecer.

O problema é quando não temos mais o que esperar. E é aí que vem o verdadeiro desespero. Não sabemos o que fazer. Na verdade, nem temos o que fazer. Não esperamos por mais nada.

Há um motivo real para se entrar em desespero. Uma grande infelicidade. Na verdade, a maior de todas as infelicidades. E essa profunda desesperança pode e deve vir, caso não se tome uma atitude quanto à nossa situação eterna.

Esse mundo é cheio de dores. A vida é difícil mesmo. São muitas circunstâncias contrárias ao que deveria ou poderia ser o que chamamos de ideal. No entanto, há uma esperança eterna para os que confiam em Cristo. Se não a tivéssemos, se o que passamos aqui debaixo do sol fosse tudo, quão infelizes seríamos.

Graças a Deus esse não é o caso!

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Co 15.19)

Em Cristo,

Felipe Prestes

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

“Não chores”

SonhoDeEsperanca

'”Em dia subseqüente, dirigia-se Jesus a uma cidade chamada Naim, e iam com ele os seus discípulos e numerosa multidão. Como se aproximasse da porta da cidade, eis que saía o enterro do filho único de uma viúva; e grande multidão da cidade ia com ela. Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores! Chegando-se, tocou o esquife e, parando os que o conduziam, disse: Jovem, eu te mando: levanta-te! Sentou-se o que estivera morto e passou a falar; e Jesus o restituiu a sua mãe.” Lucas 7:11-15

Estou desesperado!!!

Esta é uma frase que dizemos quando nos encontramos em uma situação extremamente difícil da nossa vida. O próprio dicionário define desespero como “Estado de espírito ou sofrimento daquele que passa por inúmeras dificuldades e aflições e não tem como superá-las ou acredita que não o possa fazer; Sofrimento moral extremo, misto de aflição, angústia, descontrole e tormento, ligado muitas vezes à sensação de perda (ger. Irreparável”.

Estar desesperado é simplesmente perder a esperança. É como ouvir da voz de um médico que seu câncer é terminal, você daqui a alguns dias irá morrer e não há nada que possa ser feito. Não há nada que possa ser feito! Essa é a frase que muitas vezes toma o nosso coração, e daí somos tomados pelo desespero.

Mas não há maior desespero do que o sentido quando perdemos alguém que tanto amamos. Aquela pessoa que gostamos tanto se foi, e não há mais nada que possa ser feito, nunca mais a veremos, nunca mais poderemos abraçá-la, não há mais nada que possa ser feito. A morte realmente é uma fonte de enorme desespero.

O texto acima fala de uma mulher, a viúva de Naím. Sabemos que as mulheres não tinham muitas oportunidades naquela época. A sociedade era mantida pelo trabalho dos homens, e as mulheres dependiam inteiramente de seus maridos. O marido era o amparo, aquele que fazia com que a mulher se sentisse valorizada. Pois essa mulher havia perdido o seu marido. Perdeu o seu amparo, o seu sustento, o seu valor. Isso já seria um motivo de grande desespero para uma mulher. A não ser que ela tivesse um filho para ampará-la. Por isso que Jesus disse para João ele deveria ser como um filho para Maria, pois ela já não tinha mais marido.

Aquele jovem filho, então, seria o amparo e o sustento daquela viúva. E, além disso, era o seu único filho. E agora ela perdia também o seu filho amado. Aquela pobre senhora agora tinha muitos motivos para estar desesperada. Sem filhos, como ela conseguiria sustentar-se? De onde viria o seu amparo nas doenças? Ela também poderia pensar que não teria mais descendentes, algo de grande tristeza para um judeu. Mas, acima de tudo isso, certamente nada a desesperava mais do que perder um filho. Não existe maior dor para uma mãe do que enterrar seu filho, único filho, e ainda jovem. A situação daquela mulher era extremamente dramática, ela caminhava para nunca mais ver seu filho, nunca mais ter seu carinho, seu amparo e seus abraços.

Até que ela encontrou o Autor da Vida em seu caminho. Ao caminhar para sentir a dor da morte, aquela mulher sentiu a paz vinda do dono da vida. Encontrar-se com Jesus fez com que ela percebesse que com Jesus não há motivos para desespero. Com Jesus algo ainda pode ser feito.

Nós também podemos passar por situações que nos trazem desespero. Podemos um dia perder alguém que amamos, ou nos deparar com uma situação em que diremos “E agora, o que eu vou fazer! Será que não há nada que possa ser feito?!”.

Esse texto precioso nos dá um consolo maravilhoso: com Jesus não há motivos para desespero. Com Jesus por perto, sempre haverá algo que possa ser feito. Que Deus nos ajude a lembrar dessa verdade confortante quando a vida se demonstrar dolorosa e sombria.

 

    “Im omnibus glorifecetur Deus”

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Visão apurada


“antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.” (Hb 11.27b)

Na tão vistosa galeria dos homens de fé, o autor de Hebreus explica porque aqueles homens podem ser considerados tão ilustres. O interessante é ver essa explicação acerca de Moisés, que não se amedrontou com a cólera do rei do Egito, mas permaneceu firme.

Às vezes, fico imaginando como esses homens de fé viviam. Moisés, um grande líder daquele povo, deveria sofrer duras oposições. Certamente, deveria haver aqueles materialistas, que, mesmo vendo um sinal claro de Deus, inventavam explicações naturalistas para “desmistificar” o sobrenatural. “Essas pragas nada mais são do que manifestações da natureza. Se não podemos explicá-las hoje, alguém explicará no futuro.” – é o que deveriam dizer.

Além desses, deveria haver também os pessimistas. Sabemos que a situação de escravidão do povo de Israel no Egito não era fácil, mas sempre há aqueles que pintam uma situação ruim com cores tão fortes que acabam parecendo ainda piores do que realmente são, tirando de muitos a esperança de uma possível melhora. Esses provavelmente diriam: “Nascemos escravos, morreremos escravos. Estamos fadados a esse terrível fracasso ao qual Deus nos condenou para sempre.”

Não bastasse esses problemas “internos”, ainda havia um faraó teimoso que insistia em não libertar o povo hebreu, mesmo vendo todo o juízo que Deus estava impondo sobre a terra e o povo do Egito. Mas Moisés suportou tudo isso. Ele estava vendo mais, muito mais, do que todos os seus opositores.

Um povo escravo há 400 anos. Um faraó tirano irredutível em suas decisões. Desânimo de seus liderados. Moisés via mais do que isso. Ele parecia ver aquele que é invisível, o que o fazia permanecer firme no propósito de cumprir a missão que lhe havia sido confiada. Que Deus nos dê as lentes de Moisés para que também pareçamos ver aquele que é invisível e possamos permanecer firmes diante das dores e oposições desse mundo.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Auto-análise


"Se você não é tão movido pelo amor de Deus, a ponto de se desvencilhar de qualquer coisa para gozá-Lo, e de não considerar nada mais querido do que os céus, então você necessita intensificar a sua convicção de pecados e miséria um pouco mais, e de implorando ao Senhor que o salve desse coração de pedra.
(...)
quando você hesita diante dos termos que Cristo estabelece quanto à autonegação, à crucificação da carne e ao abandono de tudo pela esperança da glória, e acha estas coisas duras demais, ou se encontra ainda considerando se deveria submeter-se a elas, e está ainda reservando secretamente alguma coisa para você mesmo; tudo isto certamente mostra que você ainda não foi suficientemente humilhado, pois caso contrário, não estaria agindo tão levianamente para com Deus."
Richard Baxter*

Mais duras palavras do pregador puritano para mexer conosco a fim de considerarmos sobre a nossa situação espiritual. Auto-análise sempre foi uma prática dos grandes homens de fé, que não se contentavam com sua presente situação espiritual, mas queriam mais e mais aproximar-se do Senhor.

Em Cristo,

Felipe Prestes


*Fonte: BAXTER, Richard. Quebrantamento – espírito de humilhação Tradução: Paulo Anglada. Knox Publicações, 2008.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Faça o presente!


É incrível a dificuldade que nós, humanos, temos de nos colocar no nosso devido lugar. Isso acontece até com relação ao tempo. Deixe-me explicar. Há um grande número de pessoas que fogem do presente. Dentre esses, há os que se apegam ao passado. Esses são chamados de saudosistas. Estão sempre rememorando momentos e dizendo “Como era bom naquele tempo!” Para eles, o passado é sempre melhor do que o presente. Frustram-se por não conseguirem voltar no tempo e viver aquela época que não volta mais.

Há também os que vivem com os olhos na frente. Pensando sempre no futuro, nos planos, nos sonhos, vivem em função desses projetos. Dizem sempre que no futuro será melhor, no futuro haverá isso, haverá aquilo. Antecipam bens que ainda não têm, empregos nos quais ainda não foram admitidos e até casamentos que ainda não tiveram. Esses estão sujeitos a não perceberem o futuro chegando. O tempo vai passando, e eles podem se decepcionar ao chegarem ao tempo que tanto esperavam e não terem aquilo que queriam.

Como tudo que Deus faz é perfeito, o tempo também não poderia ser diferente. Nossa relação com esse tempo foi muito bem projetada por Ele. Quanto ao passado, só podemos lembrar dele. Não podemos mudá-lo, nem voltar a ele como muitos iriam querer. Com relação ao futuro, não temos acesso a ele. Na verdade, nem sabemos se chegaremos a ele. Nós é que temos tola ilusão de que temos controle sobre a nossa vida. Triste engano. Quantas e quantas vezes no dia usamos a palavra “imprevisto”? O próprio Senhor Jesus foi quem disse: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Mt 6.27)

Não se dá pra mexer no passado, assim como não podemos ver o futuro. O que resta em nossas mãos é este tempo presente no qual estamos neste exato momento. É no hoje em que nos movemos, em que pensamos e em que podemos fazer decisões, que poderão ser resultados de lições do passado e também tentativas de chegar a um futuro melhor. Em outras palavras, o presente é o que podemos fazer. Portanto, chega de olhar o ontem e de ansiar pelo amanhã. É o hoje que temos para usar. Obviamente, usar para o nosso o Senhor do tempo.

“O presente que o homem faz alarga-lhe o caminho e leva-o perante os grandes.” (Pv 18.16)

Em Cristo,

Felipe Prestes

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Qual a semelhança entre o Orkut e o Movimento Evangélico atual?

orkut-logo 

Há certas piadinhas que começam assim: “Qual a semelhança entre ....”. Proponho, então, mais uma: “Qual a semelhança entre o Orkut e o Movimento Evangélico atual?”. Você tem 10 segundos para pensar.

Bem, a resposta é a seguinte. O Orkut possui várias comunidades com pessoas, assuntos e estilos diferentes. O Movimento Evangélico no Brasil, e no mundo, também é constituído de inúmeras igrejas (algumas coincidentemente se chamam comunidades) com pessoas, assuntos e estilos bem diferentes.

Até aí, nada demais. O problema é que muitos crentes, se é que são crentes, vêm tratando a igreja como tratam o Orkut. Neste site de relacionamentos você tem a oportunidade de se associar com várias comunidades ao mesmo tempo. Cada uma delas possui características que lhe agradam e/ou se adéquam ao seu perfil. Assim, poderá participar da “Queremos Coca-Cola 20 litros” e também da “Eu odeio acordar cedo” e será aceito por ambas.

O Movimento Evangélico também oferece igrejas capazes de satisfazer várias das preferências do homem moderno. Pode-se participar da “Igreja eu adoro música legal”, da “Comunidade Evangélica Eu procuro uma namorada (o)” e também da “Igreja Ninguém se mete na minha vida”. Interessante é que, assim como no Orkut, muitos participam das três, vão para o retiro das três e “se sente bem” em todas elas.

Atualmente, pela diversidade de igrejas, é comum ouvirmos pessoas que dizem procurarem uma comunidade “que mais lhe agrada”, ou “mais à minha cara” e também “onde eu possa adorar melhor”. Porém, na maioria dos casos que conheci, as pessoas na verdade queriam era participar das comunidades “Eu odeio pregação sobre pecado”, ou “Eu odeio louvor com reverência”, também da “Eu odeio igreja que disciplina” e mais a “Eu odeio igreja que não grita”.

Escolher uma igreja, entretanto, é completamente diferente de escolher uma comunidade no Orkut. O Orkut nos serve adequando comunidades ao nosso perfil. Mas a Igreja não foi criada para nos servir, mas para servir ao Senhor Jesus Cristo (Ef 5:24a). A Igreja não foi feita para amoldar-se ao perfil e as preferências dos homens e assim atraí-los a ela; porém, diferente disso, a igreja é chamada para atrair homens e mulheres através da pregação pura e simples do Evangelho (1 Cor 15:1-4).

O crente humilhado diante da misericórdia e da graça de Deus não procurará uma igreja baseado em critérios puramente pessoais, egoístas e mundanos. Todavia, seu critério será unicamente bíblico, ou seja, a igreja que escolherá prezará pela centralidade das Escrituras como regra de fé e prática. Esse tipo de comunidade, se houvesse uma no Orkut, certamente se chamaria “Eu amo a Glória de Deus”.

 

‘Im omnibus glorifecetur Deus”

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Crentes" no palco


Creio que uma das primeiras artes que o mundo testemunhou foi a interpretação. Temos uma facilidade tremenda em fingir o que não somos, o que não temos e o que não fazemos. Sempre foi assim. Desde o primeiro pecado, Adão olhou para Deus e se fingiu de inocente, jogando a culpa para Eva pelo erro que ambos cometeram.

E, assim, os homens continuam a fingir. Creio que o lugar para representar deve ser o teatro mesmo. Lá há uma licença para ser o que se não é, para ter o que se não tem e para fazer o que se não faz. A diferença é que, naquele palco, todos sabem disso.

O problema é que muitos têm querido fazer do mundo um palco. De forma impressionante, se mostram atores de primeira qualidade, interpretam cenas quase reais e tomam para si papéis que convencem a todos. São atores versáteis, que interpretam personagens diferentes em cada lugar que vão. Para cada ocasião, uma máscara.

Um exemplo claro de atores se encontra no Novo Testamento, mais especificamente no livro de Atos. A ocasião: igreja primitiva. A época: meados do 1º século. Os papéis: Uma família de crentes dedicados à obra. Os atores: Ananias e Safira.

Esse casal queria parecer, e não ser. Pensaram que, na igreja, poderiam se passar por crentes de fé que venderam sua propriedade para ofertar na obra. De fato, venderam a propriedade, mas lhes faltou a fé que fingiram ter. Ao venderem a propriedade, disseram na igreja um valor diferente do preço pelo qual a propriedade fora vendida. Retiveram um valor, mas não disseram. Talvez como “segurança”, caso esse “negócio” de igreja desse errado.

Pobre casal. Cada um recebeu sua repreensão. Ao homem foi falado: “Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.4) Já à mulher foi dito: “Por que entraste em acordo para tentar o Espírito do Senhor?” (At 5.9)

Quantos Ananias e quantas Safiras há infiltrados na igreja? Quantos trazendo uma máscara de consagração, mas no íntimo guardando pecados ocultos? Quantos dando em dízimo menos do que deveriam? Quantos cantando a Deus Lhe dizendo que entregam suas vidas por completo, mas retendo algumas áreas para que Deus não mexa?

A disciplina de Ananias e Safira foi imediata. Ambos morreram e tiveram o seu pecado conhecido de todos. Não temos mais notícia de gente morrendo na igreja porque mentiu, mas, quando estivermos diante de Cristo, Ele tirará todas as máscaras e nos fará ver quem realmente somos.

Em Cristo,

Felipe Prestes

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Alguém diferente, uma linguagem diferente

Esse episódio serve como uma espécie de guia para entender as outras vezes em que Cristo se mostrou com uma visão distinta acerca dos fatos ao seu redor. Jesus vinha de uma sequência de duros discursos contra os escribas e fariseus, quando introduz um assunto também muito difícil não só de eles compreenderem, mas de aceitarem.

A afirmação foi bem direta e confrontadora, fruto de Quem tem autoridade: “Vou retirar-me, e vós me procurareis, mas perecereis no vosso pecado; para onde eu vou vós não podeis ir.” (Jo 8.21).

Um discurso duro para corações duros. Cristo nunca colocou o homem no centro. Isso é uma prática do próprio homem. Neste episódio, Cristo se coloca no Seu lugar de poder e desvela o estado miserável em que se encontravam aqueles que O escutavam.

Sim, foi uma dura sentença, mas não foi complexa, não foi obscura. O discurso de Cristo é sempre sobre coisas do alto, mas aqueles ouvintes queriam interpretá-Lo como se Ele falasse das coisas terrenas. Os judeus se perguntavam se Ele estava querendo dizer que ia suicidar-Se, ao dizer que eles não poderiam ir para o mesmo lugar dEle. Triste engano de mentes obscurecidas por uma visão puramente material da realidade. Não conseguiam entender a profundidade do discurso do Mestre.

Cristo, então, explica o porquê de eles não O entenderem. E é aqui onde se encontra a chave, como já foi falado, para entender essa visão diferente de Jesus. “Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou.” (Jo 8.23).

Uma mente voltada para baixo, isto é, para o mundo, não pode entender o que acontece lá em cima, nas regiões celestes. Não se poderá entender os desígnios de Deus se a mente do homem estiver voltada a entender, a agradar e a lutar pelos desígnios do próprio homem. E, caso esses homens a quem Cristo falava não cressem que Ele era o EU SOU, morreriam nos seus pecados, sem entender a esfera espiritual.

Os judeus lhe perguntam “Quem és tu?”, procurando saber com que autoridade Cristo falava aquilo. E Jesus afirma que veio do Pai e que teria muito mais coisas para dizer e para julgar, mas que veio falar apenas aquelas que o Pai havia Lhe dito. Em outras palavras, Cristo veio com um discurso celestial falar a homens com mentes céticas e materialistas. O resultado disso?

“Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai” (Jo 8.27)

Então, depois de lhes explicar que não vinha de Si mesmo, mas do Pai, fazendo sempre o que agradava Àquele que O enviara, muitos creram nEle. A esses, Cristo falou que, se eles permanecessem na Sua palavra, verdadeiramente seriam Seus discípulos. E ainda lhes falou:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo 8.32)

Aquelas mentes não podiam entender o que Cristo falava. Aqueles judeus pensavam que Jesus estava falando da escravidão que eles conheciam. Mas Jesus se referia à libertação de uma escravidão muito mais profunda e dolorosa, a escravidão do pecado. Mas, dessa escravidão, o Filho podia libertá-Los. (Jo 8.36)

Cristo fala que eles procuravam matá-lo pelo fato de Sua palavra não permanecer nos seus corações. E, então, lhes explica o porquê de não entenderem Suas palavras.

“Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra.” (Jo 8.43)

Sem ouvir a Palavra de Cristo, sem dar ouvidos ao que Ele nos quer dizer através de Sua Escritura, não se poderá compreender a Sua linguagem. Ela será inacessível, será incompreensível aos ouvidos humanos. Dessa forma, veremos apenas essa mera realidade material diante de nós. O que Cristo ensinou vira apenas um mero exemplo de uma vida incapaz de ser imitada. O Mestre vira apenas um sábio, um libertador, um filósofo, um sociólogo. Com lentes materiais, Ele será apenas isso mesmo.

Porém, com lentes espirituais, as lentes com as quais Ele percebia a realidade, não perguntaremos como os judeus “Quem és tu?”, mas O reconhecemos como o Senhor de nossas vidas, digno da nossa obediência, honra e louvor, em todos os momentos, para a Sua glória somente.

Em Cristo,

Felipe Prestes

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Amor, que Grande amor!

casamento15

Ontem, dia 05 de Agosto de 2009, foi um dia muito especial. Minha esposa Sanábia Pinho Nunes Aguiar completou mais um ano de vida. Sairei um pouco da proposta desse blog, pois quero expressar todo o meu amor por ela aqui.

Conhecemos-nos de forma inesperada para mim, mas muito bem planejada por ela (quem nos conhece sabe o que eu falo). A sensação que eu senti após nosso primeiro encontro foi de desesperança, eu pensei “Como uma mulher linda e inteligente como essa iria querer algo com um garoto como eu?”.

Nossa amizade, porém, foi se desenvolvendo, e eu, cada vez mais, fui descobrindo que mulher especial ela era, e é. Inteligente, bonita, dedicada, educada, cheirosa...Tudo isso pode descrever apenas superficialmente suas qualidades, pois não tenho palavras para elogiá-la suficientemente.

Agradeço demais a Deus a mulher que ele me deu. Ele prova o imenso amor que tem por mim dando-me tamanha graça de ter uma esposa como Sanábia. Temos quase dois anos de casados e só tenho boas expectativas de conhecê-la mais e mais, pois sei que há ainda muito que admirá-la.

Sei que ela lerá então quero dizer diretamente a ela...

Meu amor, obrigado por ser minha esposa, por me fazer feliz, por ser uma excelente auxiliadora, por me suportar, por estar comigo nos momentos difíceis, por cuidar tão bem de mim quando estou doente, por ser tão carinhosa, por ser tão dedicada, por ser muito mais do que eu mereceria. Espero te conhecer mais para entender como te fazer feliz. Você é o maior presente que Deus me deu, depois da Salvação. Você é a pessoa mais importante da minha vida. Ah como eu queria que todas as pessoas do mundo acessassem este blog para ver essa frase que brota sincera do meu coração: Eu te amo muito!!!”

Do seu,

Antônio Medeiros Aguiar Neto

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Jesus e o pão da vida


Ao fazer a multiplicação dos pães, o Senhor Jesus se viu ainda mais procurado do que o normal. Naturalmente, a multidão que O seguia haveria de aumentar depois de ter visto tamanho milagre com um número tão grande de beneficiados diretos (cerca de quinze mil pessoas).

Diante desse grande interesse de tantos em busca de Cristo, o Salvador sabia que muitos ali, a maioria na verdade, estava em busca não de algo espiritual, não de segui-lo verdadeiramente, mas com o único interesse em se beneficiar fisicamente de seus milagres, quer para serem curados, quer para serem alimentados. Jesus sabia o quanto o material tem importância para o ser humano e sabia também da nossa facilidade em colocar as coisas da carne superiores às coisas do espírito.

Nesse pano de fundo, a multidão chegou a Cristo, pois O havia procurado do outro lado do mar, mas não O havia encontrado. Tendo atravessado o mar e chegado a Cafarnaum, encontraram o Mestre. Vendo Jesus a disposição do coração deles, respondeu-lhes:

“Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.” (Jo 6.26)

Dessa forma, Cristo anuncia o início da sua mudança do foco material para o espiritual. Inicia isso mostrando que sabia o interesse puramente material daqueles que O buscavam naquele momento.

Então, continua: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo.” (Jo 6.27)

Cristo mantém o paralelo entre o espiritual e o material. Agora, ele sai da questão do interesse e passa para o tema do esforço. O trabalho do homem é para o seu sustento. Sem o seu sustento, o homem morre de fome, de necessidade. O homem trabalha para obter esse alimento físico. Cristo está dizendo que o esforço do homem para obtenção do alimento espiritual deve ser maior do que o esforço para obtenção do sustento físico. Afinal, o alimento acaba, perece. Já o alimento espiritual dura para a vida eterna.

Os judeus pedem a Cristo sinais para que cressem nEle, dizendo que os seus pais viram o maná, o pão do céu, descer para que se alimentassem. Cristo usa isso a seu favor, dizendo que o verdadeiro pão do céu não era o maná. Este era uma tipificação do pão da vida que haveria de vir, que daria vida ao mundo (Jo 6.33). Ainda sem entenderem do que Jesus falava exatamente, os judeus Lhe pedem que lhes deem sempre desse pão.

Com isso, Cristo se revela afirmando categoricamente quem é esse pão de que fala: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.” (Jo 6.35)

Ainda sem entender (ou sem querer entender) o que Jesus dizia, os judeus murmuravam entre si, questionando como poderia Jesus ter descido do céu se eles conheciam Seu pai e Sua mãe. Cristo desceu do céu no sentido de ter sido enviado por Deus para cumprir Sua missão, mas os judeus se recusavam a entender tão simples metáfora.

Cristo parece mostrar o motivo pelo qual eles não entendiam tudo aquilo. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (Jo 6.44a). E, depois, insiste no paralelo espiritual/material ao dizer que dos judeus: “Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu para que todo o que dele comer não pereça.” (Jo 6.49,50). E, para não restar dúvidas do que estava dizendo, diz que “e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne” (Jo 6.51b).

Mas os judeus, com o foco unicamente material, insistem em não compreender e se perguntam: “Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne?” (Jo 6.52). A questão não é a falta de inteligência para entender um discurso tão simples, mas a falta de um discernimento, de uma visão espiritual acerca do que Jesus está falando. Afinal, são asseverações claras como “a minha carne é a verdadeira comida, e o meu sangue é a verdadeira bebida” (Jo 6.55) que aqueles homens não conseguem compreender.

Cristo, com sua total visão espiritual, mais uma vez não foi compreendido por se referir a coisas eternas, enquanto os outros olham para as coisas da terra. “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63). Depois de duras palavras, Cristo diz o que realmente importa, o espírito, tirando de muitos dos que escutavam a expectativa da busca por algo material. Frustrados, “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.” (Jo 6.66)

Em Cristo,

Felipe Prestes

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A mulher de Samaria e a água viva


Quem é maior: Deus ou os preconceitos? A província de Samaria era evitada pelos judeus. O povo samaritano era estigmatizado com hostilidade pelo povo hebreu. Mesmo assim, Jesus parece quebrar paradigmas neste episódio. Ao ver uma mulher samaritana tirar água, diz-lhe “Dá-me de beber.” (Jo 4.7). As mulheres já eram um grupo ao qual os homens não se dirigiam normalmente. Sendo Jesus judeu, e a mulher, samaritana, tornava o encontro ainda mais chocante para a sociedade da época. A mulher sente rapidamente essa diferença e pergunta: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” (Jo 4.9).

A mulher, obviamente, está vendo aos olhos humanos. Quem ela vê, em sua mente, é apenas um judeu desavisado das leis e costumes de seu povo. Cristo percebe isso e responde frisando a ignorância da mulher. “Se conheceras o dom de Deus em que é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (Jo 4.10).

Com isso, Jesus traz à tona as diferentes perspectivas presentes no diálogo. Ele conhece a mulher muito bem, o que se mostrará mais adiante. Mas a mulher não sabe quem Ele é, não entende ainda o poder que tem aquele “simples” judeu diante dela. Se soubesse, seria ela, e não Cristo, que solicitaria água.

Ainda em sua ignorância, a samaritana vê Jesus sem instrumentação nenhuma para tirar água e diz que ele não tem como pegar água daquele poço, mas pergunta onde há a água viva de que Cristo falou. Parece, inclusive, ironizar ao perguntar se Cristo era maior do que Jacó, aquele que havia dado o poço.

Jesus parece ignorar por um momento a falsa percepção da mulher, sem se remeter ao que ela falara, e simplesmente responde dizendo que quem bebesse da água da qual Ele havia falado jamais teria sede novamente. Ele explica melhor que a água que Ele desse seria uma fonte a jorrar para a vida eterna. Assim, Cristo vai dando pistas de sua peculiaridade à mulher, que logo se interessa pela tão valorosa água, mas ainda apenas pelo aspecto humano. Ela não quer mais precisar buscar água naquele poço, não quer mais ter essa sede física que a fazia ir ao poço sempre.

O Mestre, então, manda a mulher chamar seu marido, ao que ela responde não ter. Então, Cristo mostra saber da sua vida, ao lhe dizer que ela já tinha tido cinco maridos e que, naquele momento específico, vivia de forma escandalosa com um homem que não era seu marido.

A mulher entende que Jesus é um profeta. Ela fala sobre a adoração do templo e no monte, e Cristo lhe fala que adoração seria não mais em lugares específicos, mas em espírito e em verdade. E o interessante é ver que a mulher tinha a expectativa do Messias, que anunciaria todas as coisas.

Com isso, o Senhor Jesus, como em um ápice de seu revelar-se a mulher, afirma “Eu o sou, eu que falo contigo.” (Jo 4.26). Ele, assim, se afirma como o Cristo, o Ungido de Deus, do Qual as Escrituras falavam. Os discípulos chegam, estranham Jesus falando com uma mulher, mas não falam nada. A mulher, por sua vez, parece ter, depois de Jesus ter-se deixado conhecer, entendido verdadeiramente quem Ele era. E, assim, não ficou parada, mas em um belo exemplo de evangelismo, sai à cidade chamando pessoas para verem o que ela tinha visto, o que levaria a muitos dos que foram ter com Jesus crerem nEle.

Nesse episódio, mais uma vez o Senhor Jesus mostra a Sua perspectiva diferente. Desde o início, ao falar com a mulher, apesar do mesmo diálogo, estão tratando de coisas diferentes. A água do poço é apenas um ponto de contato para algo bem maior e mais profundo do que um simples matar a sede física. Cristo falava da água da vida, isto é, Ele próprio, capaz de vivificar para sempre os que a Ele se achegassem. A mulher não consegue entender o sentido do que Jesus fala até o momento em que Ele se auto afirma ser o Cristo, o Messias prometido por Deus. A nova visão da mulher a leva a entender a seriedade e a importância do que ela havia acabado de ver, o que a faz imediatamente levar a outros as boas novas de Alguém que a ela havia se revelado, o próprio Ungido de Deus tão esperado.

Em Cristo,

Felipe Prestes


Talvez vocês não saibam, mas esta é a centésima postagem deste blog. Em comemoração a esses 100 escritos, tenho publicado aqui alguns textos sobre a forma como o Senhor Jesus olhava para as circunstâncias que se apresentavam diante dEle. Esse foco diferente de Cristo foi exatamente a insipiração para a criação do blog. O título, Lentes Espirituais, serve como emblema para o propósito que temos aqui: ver o mundo pelos olhos do Senhor.
Gostaria de agradecer pelos que nos têm lido, pelos que têm comentado conosco sobre os textos e também pelos que nos têm incentivado a continuar com este trabalho tão prazeroso de escrever para a glória de Cristo.
Agradecemos também, obviamente, ao Deus, Senhor nosso, que é o princípio, o meio e o fim de tudo isso.
Esperamos que vocês, leitores, estejam sendo edificados com as leituras.
Contamos com suas orações por este ministério.

Em Cristo,

Os autores