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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A mulher de Samaria e a água viva


Quem é maior: Deus ou os preconceitos? A província de Samaria era evitada pelos judeus. O povo samaritano era estigmatizado com hostilidade pelo povo hebreu. Mesmo assim, Jesus parece quebrar paradigmas neste episódio. Ao ver uma mulher samaritana tirar água, diz-lhe “Dá-me de beber.” (Jo 4.7). As mulheres já eram um grupo ao qual os homens não se dirigiam normalmente. Sendo Jesus judeu, e a mulher, samaritana, tornava o encontro ainda mais chocante para a sociedade da época. A mulher sente rapidamente essa diferença e pergunta: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?” (Jo 4.9).

A mulher, obviamente, está vendo aos olhos humanos. Quem ela vê, em sua mente, é apenas um judeu desavisado das leis e costumes de seu povo. Cristo percebe isso e responde frisando a ignorância da mulher. “Se conheceras o dom de Deus em que é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (Jo 4.10).

Com isso, Jesus traz à tona as diferentes perspectivas presentes no diálogo. Ele conhece a mulher muito bem, o que se mostrará mais adiante. Mas a mulher não sabe quem Ele é, não entende ainda o poder que tem aquele “simples” judeu diante dela. Se soubesse, seria ela, e não Cristo, que solicitaria água.

Ainda em sua ignorância, a samaritana vê Jesus sem instrumentação nenhuma para tirar água e diz que ele não tem como pegar água daquele poço, mas pergunta onde há a água viva de que Cristo falou. Parece, inclusive, ironizar ao perguntar se Cristo era maior do que Jacó, aquele que havia dado o poço.

Jesus parece ignorar por um momento a falsa percepção da mulher, sem se remeter ao que ela falara, e simplesmente responde dizendo que quem bebesse da água da qual Ele havia falado jamais teria sede novamente. Ele explica melhor que a água que Ele desse seria uma fonte a jorrar para a vida eterna. Assim, Cristo vai dando pistas de sua peculiaridade à mulher, que logo se interessa pela tão valorosa água, mas ainda apenas pelo aspecto humano. Ela não quer mais precisar buscar água naquele poço, não quer mais ter essa sede física que a fazia ir ao poço sempre.

O Mestre, então, manda a mulher chamar seu marido, ao que ela responde não ter. Então, Cristo mostra saber da sua vida, ao lhe dizer que ela já tinha tido cinco maridos e que, naquele momento específico, vivia de forma escandalosa com um homem que não era seu marido.

A mulher entende que Jesus é um profeta. Ela fala sobre a adoração do templo e no monte, e Cristo lhe fala que adoração seria não mais em lugares específicos, mas em espírito e em verdade. E o interessante é ver que a mulher tinha a expectativa do Messias, que anunciaria todas as coisas.

Com isso, o Senhor Jesus, como em um ápice de seu revelar-se a mulher, afirma “Eu o sou, eu que falo contigo.” (Jo 4.26). Ele, assim, se afirma como o Cristo, o Ungido de Deus, do Qual as Escrituras falavam. Os discípulos chegam, estranham Jesus falando com uma mulher, mas não falam nada. A mulher, por sua vez, parece ter, depois de Jesus ter-se deixado conhecer, entendido verdadeiramente quem Ele era. E, assim, não ficou parada, mas em um belo exemplo de evangelismo, sai à cidade chamando pessoas para verem o que ela tinha visto, o que levaria a muitos dos que foram ter com Jesus crerem nEle.

Nesse episódio, mais uma vez o Senhor Jesus mostra a Sua perspectiva diferente. Desde o início, ao falar com a mulher, apesar do mesmo diálogo, estão tratando de coisas diferentes. A água do poço é apenas um ponto de contato para algo bem maior e mais profundo do que um simples matar a sede física. Cristo falava da água da vida, isto é, Ele próprio, capaz de vivificar para sempre os que a Ele se achegassem. A mulher não consegue entender o sentido do que Jesus fala até o momento em que Ele se auto afirma ser o Cristo, o Messias prometido por Deus. A nova visão da mulher a leva a entender a seriedade e a importância do que ela havia acabado de ver, o que a faz imediatamente levar a outros as boas novas de Alguém que a ela havia se revelado, o próprio Ungido de Deus tão esperado.

Em Cristo,

Felipe Prestes

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